Kate Winslet em cena de O Regime, da HBO

Créditos da imagem: Divulgação

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Com Kate Winslet, O Regime se afasta de figuras reais para rir do autoritarismo

Omelete conversou com o criador e os diretores da nova minissérie da HBO

Omelete
3 min de leitura
03.03.2024, às 06H00.

O Regime, minissérie que chega à HBO e à Max neste domingo (3), é uma clara sátira a líderes autoritários, personificados aqui na figura de Elena Vernham. Interpretada por Kate Winslet, a chanceler derrubou oponentes para tomar o poder em seu país fictício e governa com mão de ferro, enquanto faz apelos populistas e se refere ao povo como “seus amores”.

Naturalmente, a personagem remete a vários nomes conhecidos; no entanto, o criador da série, Will Tracy (Succession), e seus diretores, Stephen Frears (A Rainha) e Jessica Hobbs (The Crown), fizeram um esforço consciente para afastar de quaisquer comparações diretas com governantes reais, sejam do passado ou da atualidade.

Eu fiquei um pouco nervoso de fazermos esta série e acharem que é uma referência velada a uma pessoa específica – Vladimir Putin, Kim Jong-Un ou mesmo [Donald] Trump”, conta Tracy em entrevista ao Omelete. “Eu queria criar um país e um tipo de líder que não vimos antes neste contexto político. Talvez possamos estar um pouco à frente, prevendo o que vai acontecer naquela parte do mundo num futuro próximo”.

Ávido consumidor de livros sobre regimes autoritários, o showrunner quis deixar para trás os clichês com que governos do tipo costumam ser retratados nas telas. “Na ficção americana, sempre que vemos um governo assim, é em uma ficção-científica distópica, ou em um cenário que lembra Rússia, de uma forma que remete preguiçosamente à Guerra Fria”, nota.

Não à toa, Tracy pediu diretamente aos diretores que evitassem se inclinar demasiadamente à terra de Putin. “Ele nunca quis ser muito específico”, lembra Frears, citando o período de gravações da produção. “Ele ficava preocupado e dizia ‘isso é muito russo’”.

Com Elena, não foi diferente: para a equipe de O Regime, era importante que ela fosse única para deixar claro que o autoritarismo não é um perigo restrito a um país ou outro. “Foi uma escolha muito deliberada tornar Elena uma personagem completamente original”, explica Jessica Hobbs. “Não queríamos baseá-la em alguém [específico] porque você pode apontar dedos, mas estamos falando de um problema global, muito maior, que aparece em toda parte. Não há só um ditador do qual temos que nos livrar; temos toda uma vida deles e queremos jogar luz no absurdo disso”.

E, acreditem, há muitos absurdos na própria figura de Elena, que é profundamente insegura (e hipocondríaca). “Ela morre de medo de ser vista como ridícula”, comenta Tracy. “Ela morre de medo de não ser levada a sério e de que o mundo possa estar rindo dela, da mesma forma que seu pai ria. Isso está grudado em seu cérebro, mas quanto mais ela luta contra, mas ridícula ela se torna. A comédia e a tragédia andam juntas.

Frears espera, inclusive, que o ridículo da personagem – e do ambiente que a cerca – ajude no alerta contra o autoritarismo, especialmente em um momento no qual ele cresce ao redor do mundo. “Tudo o que você pode fazer é apontar o ridículo nisso tudo, e aonde isso leva”, reflete Stephen Frears. “Trump, por exemplo, é um homem ridículo, mas também assustador e perigoso. Acho que você pode contar a história e esperar que as pessoas tirem a lição certa disso”.

O Regime estreia neste domingo (3), na HBO e na Max, às 23h.

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