A partir de 15 de abril, o canal Comedy Central começará a exibir a oitava temporada de RuPaul's Drag Race, reality show liderado pela drag queen mais influente do mundo. Sendo exibida nos EUA pela VH1, a atração já alcançou sua nona temporada consagrada como um sucesso de público e levantou debates importantes - não por menos, cada episódio termina com RuPaul relembrando às participantes que "se você não consegue amar a si mesmo, como conseguirá amar outra pessoa?".
RuPaul, aos 56 anos, viu o primeiro episódio do nono ano do programa atingir o maior índice de audiência da história do reality, ao contrário do esperado desgaste da audiência por conta de tantos anos transmitindo o mesmo formato. Cerca de 990 mil pessoas viram o capítulo inicial do programa, o dobro de espectadores da estreia da temporada anterior. Além da ótima resposta do público, RuPaul ainda teve outro marco na carreira: em 2016, levou o prêmio de Melhor Apresentador(a) de Reality Show no Emmy Awards. Em entrevista ao Omelete, RuPaul falou um pouco sobre a nova - e ótima - fase. "Eu me jogo completamente em tudo o que faço. Eu sempre acredito que tudo o que eu faço será recebido de braços abertos pelo público. Mas claro que nem sempre é assim, a maioria das coisas fracassa. Mas o programa desafiou todas as possibilidades, superou todas as minhas expectativas".
RuPaul's Drag Race leva para a televisão o glamour e a diversão do universo drag queen sem deixar de mostrar também os problemas enfrentados pelas participantes, muitas vezes vítimas de homofobia, ou mesmo transfobia, no caso de participantes como Peppermint. As temporadas mostram, semanalmente, várias drag queens em desafios de dança, costura, carisma, fotografia e, é claro, lip sync ("for your life"), como é chamada a dublagem-performance das artistas. Cada episódio elimina uma participante até sobrarem três e a melhor é premiada como a "Próxima Superstar Drag dos EUA".
Além do prêmio em dinheiro (US$ 100.000), as participantes lutam por reconhecimento e respeito. O programa já revelou artistas dos mais diferentes estilos na arte drag, como as vencedoras Jinkx Monsoon, da quinta temporada; Violet Chachki, da sétima temporada; ou Bianca Del Rio, da sexta temporada, que chegou a ser tema do filme Hurricane Bianca. E nem só as vencedoras fazem sucesso: algumas das eliminadas marcaram tanto o programa que foi criado o spin-off All Stars, que traz de volta competidoras icônicas de outras temporadas para entrar no "Drag Race Hall of Fame" e já teve duas edições, onde estiveram nomes icônicos para os fãs do programa, como Adore Delano, Alaska, Ginger Minj e Katya.
Ao longo de tanto tempo, o programa já foi o responsável por transformar a carreira de mais de uma centena de drag queens, mas RuPaul conta que acaba não sobrando muito tempo para reforçar laços de amizade para além das gravações. "Não, eu não tenho muito contato com as queens depois que o reality show acaba, eu trabalho o tempo todo. Mas elas são como minhas crianças, minhas filhas. Eu sou a Mama Ru, não é? Em alguns momentos trabalhamos em alguns projetos, mas socialmente acaba que não costumamos mais nos encontrar".
Quando fala em trabalhar muito, RuPaul não está exagerando. Produtor, ator, cantor e apresentadora drag queen de sucesso, RuPaul está em atividade desde a década de 1980 e se tornou um fenômeno nos anos 1990, quando lançou o primeiro dos seus dez discos - a música "Sissy That Walk", do álbum Born Naked, de 2014, ainda hoje é sucesso nas boates. "Eu gostaria de ir ao Brasil em turnê. Eu trabalho tanto aqui que não consigo. Eu fiz turnês em boates por 30 anos, mas, agora, com a TV, eu tenho estado muito ocupada".
Foram duas as vezes que RuPaul esteve no Brasil, uma vez em 1995 e outra em 2006. O país ainda não teve uma representante entre as queens, mas, em suas passagens por aqui, MamaRu guarda boas impressões sobre as drag queens daqui: "Elas são fantásticas!"
A décima temporada da série já foi confirmada pela VH1 e, se a nona conta com convidados como Lady Gaga, Kesha e Lisa Kudrow, a expectativa é que que a próxima continue mantendo o alto nível. Detentora absoluta do poder de decidir quem fica no programa ("Shantay, you stay") e quem vai embora ("Sashay away"), RuPaul usa de diplomacia para falar sobre suas preferências. "Elas são todas as minhas crianças, são os meus bebês. Como Mama Ru, eu não posso escolher entre meus filhos. Mas claro", diz entre risos, "eu tenho drags favoritas, mas não posso falar isso publicamente".
