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Stranger Things | Por que o polêmico sétimo episódio é tão importante para a série

"The Lost Sister" foca na jornada de Eleven; cuidado com os spoilers!

Omelete
3 min de leitura
30.10.2017, às 17H41.
Atualizada em 30.10.2017, ÀS 18H00

Ainda que a segunda temporada de Stranger Things tenha conquistado a maior parte dos fãs (leia a nossa crítica), um episódio em particular aborreceu muita gente. Trata-se de “The Lost Sister” (“A Irmã Perdida”). O sétimo capítulo, focado na jornada de Eleven (Millie Bobby Brown) para encontrar sua “irmã de laboratório” Kali (Linnea Berthelsen), também conhecida como Eighth (Oito), desagradou por destoar do tom lúdico da série e por levar sua protagonista em uma jornada paralela, sem ligação direta com tudo o que estava acontecendo em Hawkins.

Se funcionar ou não para as pessoas, [o episódio] nos permitiu experimentar um pouquinho. É importante para mim e para Ross tentar coisas diferentes e não sentir que estamos fazendo a mesma coisa de novo e de novo. É como fazer um episódio-piloto no meio da temporada, o que é algo meio doido de se fazer. Mas foi muito divertido de escrever, de escalar o elenco e trabalhar no episódio”, explica Matt Duffer sobre a decisão de transformar “The Lost Sister” em um evento separado.

Como aponta Ross Duffer, o episódio serve como o treinamento de Luke Skywalker em O Império Contra-Ataca. É uma forma de dar mais camadas ao personagem, ao mesmo tempo em que justifica o aumento dos seus poderes dentro da história. Logo, além de apresentar outras consequências dos experimentos do Departamento de Energia, o episódio “prepara” Eleven. Quando chega a hora de fechar o portal para o Mundo Invertido, ela sabe de onde tirar forças. Sem “The Lost Sister”, nem o início da temporada, nem o seu final teriam sentido, fazendo com que essa seja uma peça fundamental, não alheia.

A decisão de separar Eleven do restante do grupo ao longo da temporada também foi pensada para dar consistência à heroína, indo além do elemento surpresa da garotinha adorável com poderes do primeiro ano. Ela precisa crescer e a maneira que os Duffer encontram foi na busca por seu passado e em uma nova relação paternal - sai o maligno Papa/Dr. Brenner (Matthew Modine), entra Jim Hopper (David Harbour), o que também deu novas camadas ao policial. O processo inclui brigas telecinéticas e uma fuga de casa, traduzindo dentro de um contexto de fantasia a rebeldia da adolescência. O amor juvenil por Mike (Finn Wolfhard) continua, mas a temporada não podia resumir a personagem ao ciúme de Max (Sadie Sink).

Ao som de “Runaway”, do Bon Jovi, Eleven chega a Chicago e os Duffer aproveitam a mudança de ambiente para explorar outras influências estéticas e narrativas. É Warriors - Os Selvagens da Noite (1979) que dá o tom do ambiente urbano e de Kali e sua gangue, que também carrega toques de X-Men na era de Chris Claremont. A estratégia amplia esse universo - Hawkins não é o único lugar onde acontecem coisas estranhas - e acrescenta outros ingredientes à amálgama de referências, assumindo a série como o produto de uma época, não mera cópia dos seus produtos.

Fora a jornada pessoal de Eleven, “The Lost Sister” cria questões interessantes para o futuro da série: Dr. Brenner está vivo, não apenas como alimento para superpoderes; Se existe uma Oito e uma Onze também existem outros experimentos; Elas são as únicas sobreviventes? São todas garotas? Todas têm poderes diferentes? Questões que não precisavam de resposta agora, já que o foco era desenvolver os personagens além dos eventos do primeiro ano, mas que dão ótimos ganchos para a terceira parte.

“The Lost Sister” pode não ser o que o público espera de Stranger Things, mas prova que os Duffer estão dispostos a arriscar, a fugir da fórmula para encontrar a melhor forma de contar a sua história. É um elemento essencial para o que torna a segunda temporada especial. O feijão com arroz está lá, com todos os elementos que transformaram o primeiro ano em um fenômeno, mas continuação soube ir além, mesmo que isso desagrade algumas pessoas pelo caminho.

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