“Estamos entrando em território Freddy Vs Jason aqui”, diz Noah Foster (John Karna), responsável desde a primeira temporada por levar a metalinguagem e as referências cinematográficas a Scream. No especial de Halloween da série baseada em Pânico, essa marca da franquia criada por Kevin Williamson se torna ainda mais constante, passando diretamente pelo filme dirigido por Wes Craven em 1996, Sexta-Feira 13 (1980), Psicose (1960), Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado (1997) e até Scooby-Doo.
Quando os sobreviventes de Lakewood seguem para a “Ilha do Assassinato” para fugir da mídia e buscar inspiração, a série estabelece o cenário perfeito para brincar com seus personagens, extraindo o melhor do seu “gore classificação 12 anos” com desprendimento emocional. Essa é a graça de Scream, assumir o lado B, transformando limitações em qualidades (o clássico “tão ruim que dá a volta e fica bom”), fazendo da tragédia de uns a diversão de outros.
Em duas partes, totalizando 1h20min, o especial de Halloween, não poupa esforços com passagens secretas, reconstituições sofríveis de época, vilões mascarados e paixonites adolescentes, mas também leva seus personagens para frente, preparando o terreno para o que deve ser a reta final da série. Com apenas 6 episódios garantidos para o seu terceiro ano e uma troca de showrunners (leia mais), a série já não tem mais o que extrair do slasher, mas existem ainda diversas pontas soltas intrigantes, como Brandon James e o pai de Emma (Tom Everett Scott).
O grupo de sobreviventes, já acostumados com a matança que insiste em cercá-los, faz os preparativos para a passagem da adolescência para a vida adulta, com a final girl principal (Willa Fitzgerald) assumindo nesse episódio todo o peso carregado pelo seu sobrenome. Depois de uma atitude à la A Vingança de Jennifer/Doce Vingança (1978/2010), Emma ganha uma perspectiva interessante para a próxima temporada, deixando a esperança que seja mais vingativa e menos sonsa.
O apelo da franquia Pânico sempre foi a consciência de todos os recursos de roteiros e clichês narrativos. É uma proposta que precisa ser comprada pelo espectador e que perde o tom quando se leva a sério (o que aconteceu em alguns momentos da segunda temporada). Nesse especial de Halloween, porém, Scream soube aproveitar a própria brincadeira, sem medo de abraçar a sua zoeira sangrenta.
No Brasil, Scream é transmitida pela Netflix, que conta com todos os capítulos completos em seu catálogo.
