Após tirar um tempo para se aventurar pelo mundo dos X-Men com Legion, o produtor, roteirista, diretor e faz-tudo Noah Hawley retomou sua obra original com a nova temporada de Fargo. Depois de quase dois anos em hiato, a série retorna nos EUA prometendo mais histórias de assassinato, bizarrices e uma dose dupla de Ewan McGregor.
Agora ambientada em 2010, a nova temporada acompanha o conflito entre os irmãos Stussy, ambos vividos por McGregor. Emmit, o mais novo, é um homem feito e endinheirado enquanto Ray não tem esse perfil. Por conta disso, ele acredita que o irmão mais novo lhe deve alguma coisa e contrata um drogado qualquer para roubar algo de valor dele. Mas, como regra da série, as coisas dão errado e terminam em morte. É assim que detetive Gloria Burgle, interpretada por Carrie Coon (The Leftovers), se envolve e passa a investigar o caso.
Todos esses elementos - o conflito, o assassinato acidental e a investigação por um policial sagaz - são tradicionais na antologia de Hawley. Nos anos anteriores era comum que todos esses pontos fossem apresentados ao longo dos primeiros episódios. Porém, dessa vez o showrunner revelou e estabeleceu a tensão logo de cara, indicando que talvez vejamos uma mudança de ritmo considerável.
Se o capítulo de estreia não chamar sua atenção pela trama, ele com certeza o fará pelo elenco de peso. Além de McGregor e Coon conduzindo a narrativa, a ótima Mary Elizabeth Winstead (Rua Cloverfield, 10, Scott Pilgrim Contra o Mundo) é fundamental para a trama, e entrega humor e sensualidade como a problemática e calculista Nikki Swango. A surpresa fica por conta de David Thewlis (Harry Potter), que interpreta o vilão mafioso V.M. Varga. Nos poucos segundos que aparece ele intimida, perturba e nos deixa ansiosos para ver mais.
É difícil antecipar o trabalho de Hawley mas "The Law of Vacant Places" nos dá uma boa ideia, apesar de ser um episódio morno cuja a função é apenas estabelecer as regras para os que virão em seguida. Caso siga à risca o que foi mostrado aqui, a terceira temporada pode acabar sendo uma das mais melancólicas e sangrentas da antologia. Como foi o caso nos anos anteriores e em Legion, vale a pena dar um voto de confiança e acompanhar o quão estranho o programa fica.