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Crítica

Mother Panic #1 | Crítica

HQ indie da batfamília já começa em busca de uma voz própria, sem excessos

10.11.2016, às 17H47.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H35

As atuais séries da linha Batman na DC Comics permitem uma variedade de estilos - como o flerte com o mangá em Gotham Academy ou a narrativa feminina descolada em Batgirl- sem fugir muito das regras e das dinâmicas do universo estabelecido de Gotham City. Última HQ da primeira leva de lançamentos da nova linha Young Animal da DC, Mother Panic segue esse mesmo padrão.

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As primeiras impressões sugerem que editora criou a Young Animal, com curadoria do músico e roteirista Gerard Way, para ser uma alternativa meio hipster à "velha" Vertigo, e Mother Panic fica no meio termo entre a narrativa mainstream e o quadrinho de autor. Way assina o argumento com Jody Houser, que escreve a HQ. A trama segue Violet Paige, socialite celebridade de dia e vigilante mascarada de noite, numa história de aparente vingança contra a criminalidade de Gotham.

A primeira edição oferece uma narrativa bem tradicional não só por seu desenvolvimento, mas principalmente pelas relações que faz questão de traçar com Batman: a protagonista rica aborrecida (mas numa pegada mais declarada de lifestyle suicida do que a de Bruce Wayne, para atrair os jovens); a assistente tipo Alfred de Violet, que faz as vezes de enfermeira e conselheira; a relação problemática com os pais, tratados como uma mancha no passado; até a aversão a armas de fogo. As luvas de socar avantajadas, como as de O Cavaleiro das Trevas, são a cereja das analogias.

Essas relações (pelo menos uma por página, no início da HQ) dão a Mother Panic uma cara bastante familiar, até um ponto de virada (que não convém entregar aqui, para não estragar a surpresa), então as coisas começam a se distanciar um pouco do batmodelo, e então Jody Houser diz a que veio. Descobrimos que o passado de Violet está mais presente do que numa mera simbologia, e pequenos elementos que dificilmente são vistos numa HQ mainstream (como uma relação homossexual de gângsteres de Gotham que acaba movendo a trama da edição) dão a Mother Panic suas particularidades.

Em relação aos desenhos de Tommy Lee Edwards, a HQ se faz alternativa no traço meio sujo, mas não muito, e no uso limitado mas marcante das cores. O resultado é uma série que evidentemente está tentando encontrar uma voz e um visual, mas sem excessos. É Gotham não necessariamente como um espaço de arquitetura expressionista, mas uma paisagem relativamente normal, com prédios imponentes mas não chamativos, que ganha vida nas escolhas de colorização (laranja forte com roxo discreto, amarelo forte com preto discreto).

Nesse sentido, não haveria oposição de cores mais decisiva do que tornar o uniforme de Violet quase todo branco, enquanto Batman usa o preto. O que temos aqui é uma personagem que faz bem a figura do duplo do Morcego, sem rupturas com o que conhecemos e esperamos das bat-séries, mas Mother Panic tem um mistério a desvender - e é justamente esse mistério que pode oferecer uma variação à fórmula do vigilante no divã.

Nota do Crítico
Ótimo

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