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Está chegando a hora do Batman se aposentar?

Virada da história "The Button" traz mais uma questão para a relação de Bruce Wayne com seu passado

22.05.2017, às 16H05.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H29

A presença de Watchmen no Universo DC, que desde o início da reformulação Rebirth foi sugerida mas pouco explicada, começou a ser revelada em "The Button", que ocorreu entre as HQs do Batman e do Flash, mas o desfecho dessa história pode ter um desdobramento que poucos esperavam: a aposentadoria de Bruce Wayne.

Na trama - dividida em quatro partes, nas edições #21 e #22 das HQs Batman e The Flash - as realidades alternativas de Ponto de Ignição voltam à tona e reúnem o Bruce Wayne do universo regular com o Batman alternativo vivido por seu pai, Thomas Wayne. O reencontro familiar não vai como Bruce espera, porque Thomas pede ao filho que deixe o manto de Batman e busque encontrar a felicidade em sua vida pessoal, sem o peso de se penitenciar pela morte dos pais combatendo o crime.

Em The Flash #22, Bruce passa a refletir sobre seu futuro, e diz que o reencontro com o pai realizou um sonho de criança mas teve um lado "cruel". Embora a DC não indique nada, por enquanto, que resulte efetivamente na aposentadoria do Homem-Morcego, podemos ver que as palavras de Thomas estão pesando sobre o filho. Quando o batsinal surge no alto de Gotham, Bruce se resigna:

Em várias oportunidades, a DC já indicou uma disposição de incorporar na cronologia oficial elementos de O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, a minissérie onde Batman volta ao combate contra o crime, depois de se aposentar. Se Bruce Wayne eventualmente deixar a vida de vigilante nas HQs da DC, isso pode ser mais um passo em direção ao futuro que havia sido imaginado por Miller. Independente dessa relação com a minissérie de 1986, nos últimos anos o Batman tem criado mais sidekicks e equipes paralelas (desde o time que estrela Detective Comics hoje, com participação do Cara-de-Barro, até a nova Liga da Justiça com participação do Lobo) e com o tempo isso pode garantir para o Morcego uma função crescentemente de bastidores e não de front de batalha.

Mesmo que Batman não se aposente a curto ou médio prazo, o fato é que sua relação com o passado tem ganho atenção dos criadores e passa por transformações que problematizam o trauma do órfão. Depois de assumir a série mensal deixada por Scott Snyder, o roteirista Tom King criou uma história interessante em que a cruzada do Morcego literalmente se revela uma jornada de autopunição, quando Bruce conta a Mulher-Gato que tentou se matar aos dez anos de idade. Naquele momento "minha vida deixou de ser minha vida", diz Bruce.

A partir do momento em que Bruce recebe do seu pai (mesmo um pai de universo alternativo) o "perdão" pelo que ocorreu no passado, Batman se vê forçado a rever sua missão. A ideia de que Bruce Wayne poderia ter uma vida normal já havia sido abordada por Snyder no ano passado, quando o herói perdeu a memória e o Comissário Gordon assumiu seu lugar no vigilantismo (leia a nossa crítica desse arco). Na época, Bruce volta a ser Batman porque é o único norte de ordem no meio do caos, e há muito tempo o símbolo se tornou para a cidade algo muito maior do que o homem.

A questão, então, é se Bruce Wayne pode se emancipar do símbolo e construir uma versão do Batman que seja independente da sua pessoa, e que tipo de recompensa emocional ou espiritual o milionário tiraria dessa decisão.

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