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Crítica

The Weeknd - Starboy | Crítica

Canadense expande a sonoridade mainstream e produz disco acima da média

30.11.2016, às 13H11.
Atualizada em 30.11.2016, ÀS 23H10

Starboy, do rapper canadense, Abél Makkonen Tesfaye, conhecido como The Weeknd, vai além do esperado quando se pensa em um disco com 18 faixas. Drake, já havia lançado um álbum com muitas músicas, mas com quase nada a ser dito, logo a expectativa por mais um projeto repleto de faixas descartáveis, era algo real após a divulgação da tracklist do novo disco de The Weeknd.

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No entanto, Starboy não se enquadra nesse quesito. O álbum, sucessor de Beauty Behind the Madness, de 2015, abre com uma sequência dançante e climática, que evidencia o bom trabalho realizado em todo o processo de produção e composição do disco. As faixas são encaixadas de forma que o caminho da criação não se perca, mesmo com a mistura de diversas influências, referências e, logo, sonoridades.

De entrada, The Weeknd entrega sua parceria com Daft Punk, "Starboy", que melhora a cada audição, seguindo para um trabalho expressivo com boa mistura de graves e nuances distintas em "Party Monster", que culmina com a faixa mais irregular e fraca do projeto, "False Alarm".

Após a derrapada, o disco segue por uma viagem sonora criada à base de uma mistura perfeita entre sintetizadores, ritmo e vocais que emulam, guardadas as proporções, timbres de Michael Jackson e toda a criatividade dos melhores momentos de Justin Timberlake. Isso faz com que o disco seja quase ideal para tocar em grande parte das pistas de dança e nos fones ao redor do mundo. Esse trabalho cheio de nuances pode ser visto de forma clara em "Rockin'" e na sensacional "Secrets" que tem toda a pegada de uma música dançante da década de 80 em conjunto com uma alternância climática que faz a composição passear entre o desapego da pista de um clube e o romance de uma dança a dois.

Na sequência, chega o segmento mais romântico e sexy com "True Colors" e "Stargirl Interlude", que conta com a rápida participação de Lana Del Rey. Como dito anteriormente, o disco te leva por um caminho que, apesar das mudanças, faz sentido justamente por não ser simples demais. Logo em seguida, Kendrick Lamar é o convidado da faixa "Sidewalks" que traz a vontade de dançar de volta ao centro da questão.

E tudo isso acontece só na primeira metade do projeto, detalhe que mostra, não só o entendimento de como dispor cada música, mas também como todas foram pensadas com cuidado para conversar e conduzir à audição completa do álbum.

O disco continua conduzindo a audição até "Lonely Night", faixa que mais uma vez abusa dos sintetizadores e dá destaque a voz de The Weeknd, que entrega uma boa música para fazer parte das playlists mais diversificadas.

Starboy, mesmo não sendo tão longo, pouco mais de uma hora, dá a impressão de ser uma peça que precisa ser desvendada, mas de forma agradável. É um projeto criado para quem está em busca de um pop que não é simples, mas que une uma gama intrincada de referências a possibilidade de fácil assimilação. Isso não desmerece o disco, simplesmente faz com que mais pessoas se interessem por sua sonoridade, logo na primeira audição, e depois descobram ainda mais possibilidades escondidas dentro de tudo que foi trabalhado por The Weeknd.

Depois de toda essa jornada sonora, Starboy caminha para seu final, com uma introdução realizada pela parceria com Future, "All I Know", com uma escala de graves encorpados, e segue para o melhor combo de encerramento de um álbum, as sincopadas e absurdamente marcantes "Die For You" e a incrível parceria com o Daft Punk, "I Feel It Coming", feita para ficar no repeat o dia todo.

Por fim, Starboy é um disco que na primeira audição parece ideal, mas causa um sentimento paradoxal à medida que é ouvido por repetidas vezes, já que algumas músicas perdem potência e as melhores ficam ainda melhores. Com isso, The Weeknd mostra que pode trilhar um caminho original caso continue a entregar produções talhadas com cuidado e com sonoridades que fogem do óbvio. Isso, em conjunto com a sua voz, marcante sem ser potente, pode ser uma boa receita para vender mais discos a cada novo lançamento sem perder a chance de entregar projetos únicos dentro do seu segmento.

Nota do Crítico
Ótimo

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