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Crítica

Royal Blood - How did we get so dark? | Crítica

Duo lança disco direto, sem firula e mostra que peso vem de berço

19.06.2017, às 13H34.
Atualizada em 19.06.2017, ÀS 14H21

Quando surgiu em 2014, o duo de baixo e bateria Royal Blood impressionou não só por causa da formação inusitada, mas também porque o som que eles faziam era inacreditavelmente bom. Com dois instrumentos eles fazem um som muito mais rico e mais cheio do que muitas bandas “completas” por aí. Riffs poderosos e uma execução impecável - e muita experiência e entrosamento vindos da época que abriam shows do Arctic Monkeys - transformaram o Royal Blood num pequeno fenômeno.

Royal Blood crítica

Agora, com o segundo disco, a sonzeira continua no mesmo alto nível. Claro, não existe aqui o impacto da novidade, mas os riffs seguem a mesma pegada e o álbum já abre com uma das melhores músicas do duo: a faixa título "How Did We Get So Dark", com um timbre de bateria pesado sem ser agressivo, o baixo processado rasgando tudo e um refrão que vai ser difícil desgrudar da sua cabeça, cheio de peso, força e melodicamente incrível.

"Lights Out" também é poderosa e poderia muito bem ser uma música do Queens Of The Stone Age, tamanha a imponência do som, muscular e cheia de camadas densas de timbres e vozes. Ben Thatcher e Mike Kerr estão trazendo mais elementos para compor seu som - guitarras cheias de fuzz, teclados - e o resultado é um álbum que soa grande e cheio de groove. Isso fica particularmente claro em "She’s Creeping" e "Where Are You Now", onde você ouve os instrumentos dialogando entre si, até que "Hook Line & Sinker" quebra tudo e derrama peso por todos os lados.

"Don’t Tell" é uma pausa para respirar e "Hole In Your Heart" é uma das melodias mais cheias de malícia de todo o disco, deliciosa de se ouvir e também se torna uma daquelas que fica tocando em loop na sua cabeça depois de algumas audições.

"How Did We Get So Dark?" podia ser um pouco mais longo - o disco tem praticamente meia hora e parece que acaba rápido demais - mas isso não chega a ser um defeito. Liricamente, o disco disseca o relacionamento conturbado e traz à tona a fossa de Mike Kerr, e isso ajuda a dar ainda mais força para o instrumental de cada faixa. Claro, não chega a ser um álbum conceitual, mas foi uma sacada esperta manter um fio condutor que ligasse as canções de alguma forma.

O segundo trabalho de estúdio do Royal Blood é a lapidação de um som que já era tecnicamente surpreendente e mostra mestres modernos aperfeiçoando seu ofício. E isso já é mais do que suficiente para você “gastar” meia hora do seu dia com uma das bandas mais interessantes da atualidade. - ouça o disco.

Nota do Crítico
Ótimo

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