Música

Crítica

Future Islands - The Far Field | Crítica

Banda cria seu próprio caminho e entrega synth-pop catártico em novo álbum

17.04.2017, às 10H02.

Poucos vocalistas no mundo do pop são tão surpreendentes quando Samuel T. Herring. Poxa, o cara já tinha ajudado a transformar o Future Islands numa banda de peso com seu último disco - Singles - e agora volta com ainda mais força e fôlego em The Far Field: um dos melhores discos do ano até agora e um trabalho que assegura de vez à banda seu lugar merecidamente conquistado no panteão dos grandes grupos do momento.

Future Islands novo disco The Far Field

O som do Future Islands é sofisticado, cada vez mais meticuloso na produção e ainda assim tem uma crueza que não deixa a banda ficar careta ou vendida. "Time On Her Side" e "Through The Roses" são exemplos de como uma banda pop pode fazer um som competente - com cordas e sopros e vocais impressionantes - sem se render ao mercado.

Claro, não que eles não gostem de lotar shows e vender discos, mas não existe no Future Islands nenhum sinal (ainda, pelo menos) de desespero ou apelação para que a popularidade cresça rápido. Mesmo já tendo 5 discos no currículo, estão crescendo no tempo natural e as pessoas estão descobrindo e se rendendo cada vez mais ao som deles. The Far Field é a prova de que eles estão fazendo o que querem, ainda sem dar muita atenção à concorrência - ouça o disco.

Óbvio que também não se trata de uma banda de alienados que não querem saber do mundo lá fora. Eles têm sim um produtor antenado e que é em grande parte responsável pelo mérito do disco: John Congleton deixou tudo bem polido, refinado e aparou todas as arestas para que The Far Field tivesse essa estética bem acabada. Camadas e mais camadas de vocais, sintetizadores e bases sempre cheias são suas apostas. E com o repertório repleto de refrões certeiros e cativantes - como "Day Glow Fire" e "Candles" - eles parecem ter acertado a medida.

O material tem potencial para gerar muitos hits, como o foi o caso do disco anterior. Mas aqui é explícita a intenção de deixar tudo um pouco mais grandioso e ambicioso, como alguém que está conquistando cada vez mais território e quer mostrar que a conquista é merecida. Resta saber se The Far Field vai se transformar no álbum que seus criadores querem que ele seja. Se depender da energia e da voz que sai do peito de Herring e - claro - das excelentes músicas onde ele e sua banda brilham com uma invejável energia, o álbum tem tudo para ser ainda mais do que eles imaginaram. Ouça "Beauty Of The Road", "Cave" e "North Star". Eles estão claramente fazendo o que querem e é exatamente por isso que o som funciona.

Antes de tentar surpreender pela ganância, eles estão tentando surpreender pela competência. E esta parece uma decisão mais do que acertada. The Far Field é um grande disco: é synth-pop catártico e devastador.

Nota do Crítico
Ótimo

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