Lucy Rose retornou ao Brasil um ano após passar pelo país - de forma independente - para realizar shows em locais nos quais seus fãs agendassem. Nesse retorno a artista, além de mostrar suas novas músicas, também apresentou um mini-documentário com um pequeno pedacinho do que foi a experiência de viajar pela América Latina tocando nos lugares mais diversos o que, de acordo com a própria artista, redefiniu sua forma de ver a arte.
O mini-doc. que tem o mesmo nome de seu próximo disco, Something´s Changing, mostra uma pegada bem emocional. Com duração de 20 minutos, a obra apresenta tudo o que realmente foi interessante na viagem, os contatos, alguns shows e a saída da Inglaterra até as viagens de ônibus por diversos países do continente - veja trailer.
Possivelmente, uma obra que mais do que mostrar como a viagem mudou a cantora, também enfatiza como as viagens "abrem as pessoas". Mostra uma artista que saiu da sua zona de conforto para poder encontrar seus fãs e assim foi capaz de se reentender como artista e pessoa. “Pule e a rede aparecerá”. Basicamente foi o que Lucy fez, sair sem destino para descobrir como iria lidar com a situção, e após isso retornou potencializada, acreditando nas relações humanas, na música e em todas as possibilidades que o contato humano pode gerar. É interessante pensar que uma atitude como esta seria impossível para nomes da música como Metallica, ou grandes artistas do Pop, por exemplo. Mas essas ações são justamente o que aproximam as pessoas da arte criada por outras pessoas. Logo, ter essa experiência, estar perto de seus fãs em partes remotas do mundo e dividir seus momentos é algo incrível e que aproxima as duas pontas desse processo de criação e insporação. Parabéns a Lucy por ter feito algo que não sai caro, gera experiências e mantém o sonho da arte em movimento.
Após o documentário, Lucy acompanhada de mais dois músicos, apresentou seu repertório e deu destaque as novas músicas que irão integrar seu próximo disco, com lançamento previsto para o dia 14 de julho. Um show calmo, sem dúvida, bem diferente quando comparado pa sua outra passagem por aqui, quando ela se apresentou para 1600 pessoas em uma rua de São Paulo.
No entanto, o que pôde ser visto é que a cantora não está fazendo cena quando afirma que a música voltou a fazer sentido para ela depois da viagem. E claro a conexão entre ela e a audiência é algo bem diferente, seja porque alguns a conhecem muito de perto, seja porque ela simplesmente está ali cantando um pouco de si para as pessoas. Antes do show, na conversa que teve com o Omelete, ela já havia dito que seu novo disco tem uma pegada country/folk e que talvez as pessoas não gostassem de ouvir. No entanto, das faixas que ela apresentou todas soam muito bem, com arranjos simples, mas bem produzidos, sempre mantendo a plateia ligada em todos os seus movimentos durante todo o tempo. E ai mora um detalhe muito interessante, pois sua nova sonoridade não tem muito a ver com o trabalho desenvolvido em seu segundo disco, que contou com grande influência da gravadora. Logo, é possível ver que hoje Lucy canta algo em que acredita e que se parece com ela.
Por fim, ao vivo Lucy mostra ainda mais sentimento em sua interpretação e esse é um ponto sempre importante para quem trabalha com nuances tão delicadas. Então, só resta agradecer pela coragem da jovem artista que viajou e se encontrou e fez um show com o tamanho ideal para conectar as pessoas à sua música e também entre elas mesmas. Afinal de contas, o que fica mais claro nesse momento é que música é arte e para ser genuína ela precisa representar o artista, e Lucy entendeu isso muito bem.
