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Guns N' Roses | Appetite For Destruction, 30 anos de um clássico

Disco fez aniversário na última sexta-feira e marca o surgimento de uma das bandas de rock mais bem-sucedidas de todos os tempos

24.07.2017, às 12H03.
Atualizada em 25.07.2017, ÀS 11H19

A década de 80 foi um momento diferente na história da música e, claro, do rock. Com a dominância do hair e do glam metal, grupos como Bon Jovi, Motley Crue e tantos outros que ainda hoje figuram entre os clássicos, dominavam as rádios com uma mistura de estilo duvidoso e uma sonoridade perfeita para tocar não só no dial rock, mas em praticamente qualquer estação ao redor do mundo.

Appetite for Destruction 30 anos aniversário

E como parte deste cenário, o Guns N' Roses que já havia mostrado um pouco de sua sonoridade; surgiu cru, com letras diretas e o estilo que os jovens viriam a amar, mas não seus pais. O grupo chegou ao mercado fazendo barulho (muito barulho, na verdade) com Appetite For Destruction, seu debut lançado em 21 de julho de 1987, que de forma única misturava a essência de diversos elementos do rock (punk, hard, metal + blues) e entregava algo visceral que emulava o estilo do grupo nos palcos e fora dele.

Assim, não dá pra negar que o Guns N' Roses foi um divisor de águas na cena rock dos anos 90 entregando um som muito característico que os colocou no topo do mercado musical dos Estados Unidos e, consequentemente, no resto do mundo - como funcionava naqueles tempos -.

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Um disco que abre com "Welcome to the Jungle" não é algo que pode passar despercebido pelos ouvidos e sentidos de quem gosta de música. E, depois do impacto de uma faixa como esta, o álbum segue por músicas que se tornariam clássicos como "It's So Easy", "Nightrain", "Sweet Child o' Mine", "Paradise City" e "Rocket Queen", sem contar as demais faixas que compõem a tracklist e criam uma estrada com variações rítmicas e de intensidade que colocam em evidência como a banda entendia - de forma muito específica - o diálogo entre vocal e instrumentos.

Em todo caso, mesmo com o disco hoje mostrando todo o seu valor como um clássico do rock, foi necessária uma boa dose de tenacidade do empresário do grupo - que acreditava muito na sonoridade da banda capitaneada por Axl Rose - para que o projeto realmente deslanchasse. Em artigo para a Loudwire, Jon Wiederhorn, comenta que a MTV - quando o disco foi lançado - era uma ferramenta muito importante de divulgação nos Estados Unidos, mas se recusava a passar o clipe de "Welcome to the Jungle". Neste momento, as vendas do disco estavam empacadas em 250 mil cópias. Então o empresário do grupo precisou conversar com o dono da gravadora que assinou com o grupo, David Geffen, para que tentasse convencer o responsável pela programação da MTV a colocar o clipe no ar. Vale lembrar que isso ainda não havia acontecido pelo medo da rede de ser retirada da grade das operadoras regionais de TV a cabo dos Estados Unidos. Em todo caso, a MTV foi convencida a transmitir o clipe, em um domingo às 5 da manhã, como um favor pessoal a Geffen. "Era disso que o grupo precisava. A MTV começou a receber tantos pedidos para passar o clipe, depois disso, que tiveram que continuar transmitindo". E o que aconteceu depois desse momento foi a glória de colocar o Guns no radar de uma massa de jovens em busca de uma sonoridade capaz de representá-los.

Depois desse momento, levou alguns meses para que o disco chegasse ao topo da Billboard, chegando ao posto de álbum de estreia mais vendido de todos os tempos com a marca de 30 milhões de cópias (só nos EUA o grupo atingiu a marca de 18 milhões de cópias). Essas marcas, sem dúvida, pavimentaram o caminho para o próximo passo do grupo, o álbum duplo Use Your Illusion que confirmou o Guns como uma das grandes bandas de sua geração.

E ai surge outra peculiaridade do projeto, comentada pelo jornalista David Bennun em artigo para The  Quietus. O profissional, enquanto comenta o impacto de cada faixa, deixa bem claro que entre os ingredientes que deram propulsão a carreira da banda estão a abordagem de temas, momentos e situações espinhosas de uma forma que somente eles, naquela época, poderiam entregar. "Este não é um álbum legal. Não foi feito por pessoas legais. É um álbum extraordinário, feio e sensacional, que não poderia ter sido feito ou concebido por qualquer outro tipo de pessoa que não pessoas horríveis", arremata.

A abordagem crua para abordar temas espinhosos fica ainda mais explícita com a escolha da arte que deveria ser a capa do disco. Uma pintura criada por Robert Williams, que deu origem ao nome do álbum, mas acabou se transformando em uma imagem alternativa por fazer alusão ao estupro. De qualquer forma, o conceito da capa já preparava os ouvintes para a abordagem do grupo naquele momento. Era quase um alerta sobre o conteúdo e a forma do projeto.

Toda essa mistura de elementos, a crueza, a despreocupação com a forma como os temas são abordados, entre outros detalhes, colocam um holofote sobre como esses caras não estavam preocupados com estética, com como a mensagem iria chegar, possivelmente eles queriam somente se divertir, beber e tocar. Eles estavam fazendo o que achavam necessário para chegar onde queriam. E assim atingiram o topo da cadeia do rock dos anos 80/90. Por fim, ouvindo o disco 30 anos depois, dá pra notar como todos esses ingredientes auxiliaram na criação da aura de um projeto que se estabeleceu entre os clássicos e conseguiu fazer com que gerações de pessoas que não presenciaram o nascimento e o encerramento deste ciclo, se tornassem fiéis fazendo com que o retorno de parte da formação clássica aos palcos tenha se tornado um dos projetos mais rentáveis da atualidade. Relevância história transformada em dinheiro e shows para outras gerações. Ouça o álbum na íntegra:

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