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DGTL - Festival holandês criou experiência completa para amantes da música

Em sua primeira edição no Brasil festival mostrou line-up, projeto e ambiente coeso e marcante

16.05.2017, às 19H35.
Atualizada em 16.05.2017, ÀS 21H00

O DGTL Festival SAO é mais um dos bons festivais europeus que desembarcou no Brasil em 2017. Com edições realizadas em Amsterdam e Barcelona, o evento estreou em terras tupiniquins com a mesma qualidade dos irmãos europeus e com destaque para a preocupação em ser sustentável. Logo de cara, a surpresa ficou por conta de uma entrada rápida quase sem filas, estacionamento fácil e tranquilidade de acesso ao espaço no qual o evento estava sendo realizado.

DGTL Festival - Boas surpresas em São Paulo
Facebook DGTL São Paulo

E não dá pra negar que o local escolhido para a realização do evento foi um grande acerto. Uma fábrica abandonada na região de Barueri que conseguia a conexão perfeita entre dois espaços cobertos, mais uma área externa, proporcionando três pistas que garantiram a fluidez necessária para que o público pudesse chegar facilmente a qualquer um dos espaços de dança a qualquer hora e sem dificuldade.

Ainda, como comentado por Dave van Dalen, um dos criadores do festival, em entrevista ao Omelete, o DGTL conseguiu encontrar uma forma realmente simples e interessante para que as pessoas conseguissem pegar suas bebidas, praticamente sem filas.

Sustentabilidade
Esse é um tópico sempre muito interessante para ser levando em consideração quando se fala do DGTL. Aqui o evento trouxe o mesmo sistema de reduzir ao máximo o uso de material descartável por meio da venda de um copo reutilizável - que custava R$ 4 - e ao final do evento poderia ser devolvido para que o usuário pegasse o dinheiro de volta. No entanto, mesmo com a preocupação em reduzir o número de recipientes descartáveis usados pelos visitantes, às vezes era difícil encontrar uma lixeira pelo espaço. Nada que estragasse a experiência, mas um bom detalhe para ficar atento na próxima edição.

Outro aposta do festival para permanecer verde é a venda de alimentos sem nenhum tipo de carne, detalhe também justificado por van Dalen como uma forma real de reduzir o impacto ambiental de um evento da proporção do DGTL. Vale lembrar que essa política é realizada também nas edições europeias. As opções eram boas e os valores dentro da média para um festival.

No entanto, causou estranhamento somente a inexistência de uma parceria com algum serviço de transporte colaborativo ou até mesmo o recurso de vãs saindo da estação de trem de Barueri, o que sem dúvida deixaria o impacto do evento ainda menor e garantiria mais conforto para quem não estivesse afim de dirigir.

A música
O line-up veio recheado de bons nomes, com uma surpresa atrás da outra. As três pistas em conjunto com as intervenções artísticas - outra marca do DGTL - ajudavam a criar toda uma atmosfera que logo na entrada já mostrava que a noite seria uma das melhores dos últimos tempos. O palco Modular era hipnotizante, com suas luzes que corriam por barras enquanto o som rolava, era quase impossível não ficar hipnotizado com a forma como as luzes desfilavam pela estrutura.

O Generator tinha uma atmosfera própria, mais dura, com iluminação intensa, bem marcada em conjunto com um telão que gerava um efeito único de contraluz no DJ, novamente hipnótico. Por fim, o Frequency, na parte externa da fábrica, completava o ambiente, com uma decoração em madeira e folhas colaborando com a ideia de se estar fora de um ambiente industrial e com mais vida.

E claro, tudo isso em conjunto com o line-up que trouxe bons nomes dos principais segmentos do techno e do house proporcionou boas horas de música de alta qualidade.

Eli Iwasa set no DGTL
Facebook DGTL SAO

No Modular, por exemplo, Eli Iwasa - mais uma vez - levou o espaço ao chão com um set bem armado e que não parou de crescer do início ao fim. É quase mágica o que ela faz com montagem de seu set. E esta não foi a primeira vez que eu vi uma pista berrar a cada música liberada por ela. A sequência de DJ´s que veio após a brasileira também merece destaque: A escolha entre sair do lugar para ver o festival ou permanecer sob as ondas da música era algo bem difícil. Entre os destaques do modular ficam nomes como Âme, Apparat, Mind Against e Davis, sempre responsável por fechar pistas com um gosto de "isso não pode acabar agora".

No palco Generator, Speed J, Carl Craig, Zopelar e Vrill fizeram jus a pista na qual se apresentaram e mostraram a competência esperada de nomes que entendem do segmento e que têm nas mãos toda a experiência necessária para fazer as pessoas dançarem por horas sem parar.

No palco Frequency, o live do Teto Preto, mais o b2b de Tama Sumo e Lakuti, em conjunto com os outros nomes que passaram por ali, só colaboraram para que as nove mil pessoas presentes tivessem certeza de que as 14 horas no espaço foram aproveitadas ao máximo.

Palco Frequency na área esterna
Facebook DGTL Festival São Paulo

Arte
Um dos diferenciais do evento é justamente a tentativa de se criar um espaço no qual as intervenções artísticas conversem com o público e com o lugar, ideia atingida de maneira exemplar, graças a boa seleção de projetos como o Modular Dreams, da dupla Priscilla Cesarino e Danilo Barros, com projeções ao vivo, o corredor luminoso e o palco Modular, desenvolvido pel Sala 28, e também a criação de Muti Randolph que buscava observar as relações entre linhas no espaço. Sem dúvida, todas essas possibilidades geraram diversas formas de interação com pessoas fotografando, pessoas tentando entender, pessoas se aproximando... Detalhes que tornava impossível não ser afetado pelas obras expostas no espaço.

Por fim, esse é mais um festival realizado de forma a beneficiar quem gosta de música, e quando eu falo música, não é só do gênero eletrônico, mas como um todo. Com som de qualidade e atenção aos detalhes a experiência de quem compareceu ao local com certeza vai permanecer. Agora, que venha a edição 2018. O registro para os avisos já está aberto.

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

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