Desde o primeiro dia do septagésimo Festival de Cannes, um banner giratório tamanho GG adorna a orla da Croisette com o cartaz do thriller erótico L'Amant Double, um dos 19 concorrentes à Palma de Ouro. A sessão para a imprensa do novo longa de François Ozon (8 Mulheres) teve recepção calorosa à altura dessa expectativa.
Infalível campeão de bilheteria na França, com uma média de um longa-metragem de orçamento modesto (até € 3 milhões) por ano, Ozon viu seu suspense psiquiátrico receber um par de vaias também. O filme investe na cafonice - parece até um comercial de cueca Zorba em alguns momentos - mas eletriza por ter uma das edições mais frenéticas dos filmes comerciais aqui exibidos, com gosto de Brian De Palma, em seus tempos de Vestida para Matar (1980).
A protagonista de L'Amant Double, Chloé (Marine Vacth), é uma funcionário de um museu que busca a ajuda de um psiquiatra para parar de somatizar (como dor de estômago) suas angústias. Suas primeiras sessões com o Dr. Paul (o belga Jérémie Renier, em impecável atuação) são ótimas até que ele se apaixona por ela. O amor é mútuo e rende um namoro feliz... até ela saber que ele tem um irmão gêmeo sedutor.
Nas mostras paralelas, destaque para uma comédia africana vista na Quinzena dos Realizadores, e marcada por um perfil popular de concorrente a Oscar de filme estrangeiro: I Am Not a Witch. Filmado na Zâmbia pela estreante Rungano Nyoni, o longa segue os passos de uma menina de nove anos que todos acreditam ser uma bruxa. O prefeito de sua vila (o hilário Henry Phiri) tenta se aproveitar dos supostos poderes da garota. A sequência em que os dois vão a um programa de TV falar de feitiçaria é antológica.
Nesta sexta, Cannes recebe um de seus filmes mais esperados: In The Fade, do premiado diretor turco-alemão Fatih Akin, ganhador do Urso de Ouro por Contra a Parede (2004). No filme, Diane Kruger encarna uma viúva em busca de vingança. Cannes chega ao fim neste domingo, com sua entrega de prêmios.
