O melhor e o pior de Adam Sandler

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O melhor e o pior de Adam Sandler

Da comédia ao drama, revisite a filmografia do astro

Omelete
7 min de leitura
29.03.2024, às 14H35.

Ícone para muitos adultos que cresceram nos anos 1990, Adam Sandler é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores nomes da comédia americana nos últimos 30 anos. Não à toa, seus filmes são um sucesso de bilheteria e audiência nos streamings -- mas nem por isso escapam de dividir opiniões do público e da crítica.

Que tal, então, relembrarmos as diferentes facetas de Sandler? A seguir, confira o melhor e o pior da filmografia do ator, mas atenção: tentamos fugir dos queridinhos como Click e Eu os Declaro Marido e Larry, porque a essa altura seria muita apelação.

MELHOR: Joias Brutas (2019)

Em Joias Brutas, acompanhamos Howie (Sandler), o proprietário de uma loja de joias afundada em dívidas e que está sempre em busca do próximo golpe para quitar seu débito. Enquanto se prepara para dar o grande golpe no astro da NBA Kevin Garnett (interpretado pelo próprio), Howie precisa também evitar que os seus credores o matem.

O interessante de Joias Brutas é como os irmãos Safdie não tiram de Sandler uma atuação dramática; em vez disso, encaixam seu típico personagem de comédia em uma trama alimentada pela ansiedade e, assim, conseguem o que talvez seja o grande papel da carreira de Sandler até então. A mistura de humor e drama é justamente o combustível do filme. O filme chegou a ser cotado para uma indicação ao Oscar, mas acabou esnobado. 

PIOR: Pixels (2015)

Outrora diretor de bons filmes infantis, como Esqueceram de Mim e os dois primeiros Harry Potter, Chris Columbus hoje parece escolher filmes apenas pela quantidade de zeros no contracheque, como é o caso de Pixels. A comédia de 2015 traz Sandler enfrentando uma invasão de personagens de videogames em Nova York.

O problema aqui está menos no ator e mais em todo o conceito do filme, que parece existir apenas para evocar nostalgia dos fãs de franquias históricas, como Pac-Man e Donkey Kong. Sandler, na verdade, tem pouquíssimo espaço para brilhar, já que é um longa muito mais interessado no espetáculo visual do que no humor despretensioso que marcou a carreira do astro.

MELHOR: Como Se Fosse a Primeira Vez (2004)

As comédias de Adam Sandler costumam girar em torno de uma trama simples, que precisa chegar do ponto A ao B, mas que, no caminho, inserem o personagem principal em uma série de situações cômicas. Foi assim com o controle remoto mágico de Click, com o casamento gay de Eu Os Declaro Marido e Larry, e por aí vai. Mas Como Se Fosse a Primeira Vez é um ponto fora da curva, porque faz algo um pouco diferente.

No longa, Henry (Sandler) se apaixona por Lucy (Drew Barrymore), uma mulher que sofre de perda de memória diariamente, o que faz com que o protagonista precise conquistá-la todos os dias. A graça, aqui, é como os dois personagens principais lidam com a rotina de formas totalmente opostas: para Henry, amor é sobre repetição, enquanto para Lucy é sobre novidade. Quer dizer, o longa é sobre aprender a esquecer e esquecer de lembrar.

PIOR: O Halloween de Hubie (2020)

A campanha pela indicação de Sandler ao Oscar por Joias Brutas foi pesada. O ator chegou a afirmar que, caso fosse esnobado, faria o pior filme de todos os tempos. Eis que a indicação não veio, e a Netflix lançou O Halloween de Hubie.

O problema deste filme é que ele não se esforça nem pra ser bom, nem para ser ruim. Na verdade, entra naquele péssimo pacote de projetos simplesmente esquecíveis, que não provocam, não divertem e não entretém. Mais uma vez, o que salva é ver o elenco se divertindo no set. Uma pena que essa diversão não contagie o espectador.

MELHOR: Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe (2017)

Talvez o melhor filme do diretor Noah Baumbach (Frances Ha, História de um Casamento), Os Meyerowitz aposta em dois grandes nomes de comédia (além de Sandler, o longa conta com Ben Stiller) para fazer um drama familiar sobre uma família disfuncional.

O interessante aqui é como o diretor explora a incomunicabilidade dos personagens. Sandler e Stiller realmente constroem personagens dramáticos, que têm imensa dificuldade em compreender seus traumas e anseios, o que reflete diretamente em seu comportamento na vida adulta. Os Meyerowitz é o filme da carreira de Adam Sandler, em que ele explora uma construção de personagem mais dramática e teatral.

PIOR: Zohan: Um Agente Bom de Corte (2008)

A comédia é onde Sandler estabeleceu toda sua carreira, mas nem todas são boas. Em Zohan: Um Agente Bom de Corte, Adam Sandler é um agente do alto comando militar de Israel que forja a própria morte para fugir de um inimigo. Agora livre dos perseguidores, Zohan quer se tornar um cabeleireiro em Nova York.

O maior problema do filme é sua falta de inspiração. Zohan veio na época em que o ator engatou dois grandes sucessos: Click e Eu Os Declaro Marido e Larry. Mas o longa de 2008 nem de longe tem o mesmo nível de piadas e timing cômico de outrora. 

MELHOR: Embriagado de Amor (2002)

Após se tornar estrela mundial com as comédias dos anos 1990, Sandler embarcou no projeto do ainda jovem Paul Thomas Anderson, que até aquele momento, havia dirigido apenas Jogada de Risco, Boogie Nights: Prazer Sem Limites e Magnólia. Hoje, ambos estão consagrados, e Embriagado de Amor é até então lembrado como um dos melhores filmes da carreira do ator.

No filme, Sandler interpreta Barry, um pequeno empresário criado ao lado de sete irmãs. Embora tenha tido uma intensa convivência com elas, ele tem uma dificuldade extrema em se abrir emocionalmente e se comunicar com mulheres. Quer dizer, até conhecer Lena (Emily Watson), a misteriosa jovem por quem se apaixona. O filme se destaca por trazer a primeira atuação introspectiva da carreira de Adam Sandler, mostrando que, para além da comédia, ele poderia experimentar abordagens diferentes com sua atuação.

PIOR: Gente Grande 2 (2013)

A continuação da comédia de 2010 é um filme até esquisito de se falar mal. Não é a pior coisa do mundo, de fato, mas é triste como o longa encontra dificuldades em sequer justificar sua trama. No fim, tudo parece apenas uma desculpa de Adam Sandler para estar com amigos como Kevin James, David Spade, Chris Rock e Nick Swardson. Pelo menos nas bilheterias o desempenho foi positivo, já que Gente Grande 2 custou US$ 80 milhões e faturou mais de US$ 250 milhões pelo mundo.

MELHOR: O Paizão (1999)

Pode até surpreender muita gente, mas O Paizão tem pontos a serem enaltecidos. No filme, Sandler vive Sonny, um rapaz que adota uma criança apenas para impressionar sua namorada. O que se destaca aqui é a forma como o personagem amadurece ao passo que constrói uma relação com o menino, fazendo de O Paizão um coming of age de um adulto infantilizado que aprende um pouco sobre a vida.

PIOR: The Ridiculous Six (2015)

O sinal de amadurecimento de todo gênero cinematográfico é o momento quando ele ganha obras que questionam seus próprios códigos (como John Ford fez em Rastros de Ódio e O Céu Mandou Alguém) ou que satirizam esses mesmos códigos (como Mel Brooks em Benzé no Oeste). São mudanças que ocorrem quando o "de sempre" deixa de atender às demandas do público, e então, a indústria e os autores buscam fazer algo diferente.

Infelizmente, The Ridiculous Six passa longe de reavivar essa abordagem burlesca para o faroeste. É meramente uma repetição do que Sandler fez em Gente Grande: juntar seus amigos para fazer piadas (muitas vezes internas) e se divertir. O problema é que as piadas são ruins e a ambientação faroeste existe apenas como uma desculpa para uma nova produção. Uma pena!

Bônus: Tratamento de Choque (2003)

Calma! Tratamento de Choque continua sendo um filme muito divertido. O problema aqui é outro: Adam Sandler é totalmente eclipsado por Jack Nicholson. A essa altura, podemos dizer que para Sandler funcionar como ator de comédia, ele precisa ser a grande estrela do filme, certo? Pois bem, não é o que acontece em Tratamento de Choque.

Aqui, o ator de Um Estranho no Ninho e O Iluminado está soberbo, e toma os holofotes mais do que o normal, deixando pouco ou quase nenhum espaço para Sandler brilhar. Não deixa, claro, de ser um filme extremamente divertido — uma pena que muito mais por Nicholson do que por Sandler. 

Por isso, fechamos essa lista com uma indicação que convida o espectador a assistir ao filme se questionando quem é a grande estrela de Tratamento de Choque, afinal!

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