Filmes

Entrevista

La Novia Del Desierto | “A América Latina depende de integrar nossa arte e nossas ideologias”, diz Paulina García

Assediada por Hollywood, a atriz de Narcos, emplaca dois filmes argentinos no festival e contracena com Ricardo Darín

24.05.2017, às 21H31.
Atualizada em 25.05.2017, ÀS 02H05

Centrado na peleja de uma faxineira desempregada para se reinventar em meio a uma viagem por um deserto argentino, La Novia Del Desierto, drama dirigido por um par de estreantes latino-americanas, Valeria Pivato e Cecília Atán, anda esgotando ingressos no 70º Festival de Cannes, onde será exibido nesta quinta, graças à presença, à frente do elenco, de Paulina García, diva hispânica do momento.

Nesta quarta, bastou um punhado de cenas com a atriz chilena de 56 anos no polêmico thriller político La Cordillera, de Santiago Mitre – centrado na corrupção das Américas envolvendo petróleo, em especial o do Brasil - para que ela eletrizasse a Croisette com seu charme maduro, ao atuar ao lado de Ricardo Darín. Disputada por todo o cinema de língua espanhola, embora seja um patrimônio cultural do Chile, Paulina García virou uma das atrizes mais elogiadas do mundo desde que levou o prêmio de melhor atuação feminina no Festival de Berlim de 2013 por Gloria. 

"Tento filmar em todos os países que me chamam porque a América Latina depende da interação de nossa arte e de nossa ideologia. Já que temos o espanhol em comum, podemos trocar entre nós: atores e vivências", disse Paulina, em recente entrevista ao Omelete, preparando-se para passar por Cannes para divulgar La Novia Del Desierto, no qual sua personagem vive uma relação de amor inusitada com um caixeiro viajante.

"A vantagem de eu ter chamado atenção da imprensa já madura, na casa dos 50 anos, permite que eu possa aproveitar papéis que antes não eram valorizados por uma questão de desinteresse pela minha faixa etária."

Em La Cordillera, Paulina é a representante máxima do governo chileno, responsável por organizar um conclave de presidentes latinos nos Andes, a fim de todos decidirem se é viável ou não a criação de uma multinacional, a Aliança Petroleia do Sul. E a ideia parte do Brasil, pelas mãos do nosso fictício presidente Oliveira Prete, vivido por Leonardo Franco, da série Preamar, num elogiadíssimo desempenho. E isso irrita o presidente do México (vivido por Daniel Giménez Cacho) e exige ações dos Estados Unidos, mobilizando o líder presidencial dos argentinos, Hernán Blanco (papel de Ricardo Darín), envolvido num problema pessoal com sua filha.

"Ver Darín atuar é sempre um alimento", diz Paulina, quem vem sendo asssediada por Hollywood desde que participou do thriller Os 33.

Nos EUA, ela já arrumou uma porta de entrada: em 2016, foi o destaque feminino do elenco de Melhores Amigos (Little Men), de Ira Sachs, produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira. E integra o elenco da série Netflix Narcos, no papel de Hermilda Gaviria. “Tenho muita vontade de experimentar o modo de filmar dos brasileiros. Basta um convite”, disse Paulina, premiada em 2014, durante o Festival de Gramado, pelo drama Las Analfabetas, com o Kikito de melhor atriz.

Falando de grandes atuações femininas, nesta quarta Cannes recebeu, na briga pela Palma de Ouro, um drama da Ucrânia, baseado na literatura de Fiódor Dostoievski, vitaminada por uma potencial ganhadora do prêmio de melhor atriz: Uma Gentil Criatura (Krotkaya), cuja protagonista é Vasilina Makovtseva. Sob a direção de Sergei Loznitsa (Na Neblina), ela encarna a mulher de um detento que é submetida a uma série de humilhações para visitar o marido. Suas maiores rivais são a coreana Kim Min-hee, por The Day After, e a australiana Nicole Kidman, pelo perturbador O Estranho Que Nós Amamos (The Beguiled), de Sofia Coppola.

Neste domingo serão divulgados os prêmios de Cannes. No sábado, o evento projeta o últimos dos quase 400 filmes de sua seleção: D'Après Une Histoire Vrai, de Roman Polanski, que cancelou todos os seu compromissos de entrevista com a imprensa mundial após a superexposição que teve na festa dos 70 anos de Cannes, na terça. Diretor de cults como O Bebê de Rosemary (1968) e O Pianista (2002), o octagenário mestre franco-polonês investe no suspense uma vez mais, apoiado em um roteiro escrito pelo diretor Olivier Assayas (de Depois de Maio), com base no romance homônimo de Delphine de Vigan. Na trama, Eva Green é uma fã fiel da escritora interpretada por Emmanuelle Seigner (mulher do diretor) que inferniza a vida da autora, a fim de interferir nos rumos de seu próximo romance.

Até agora, os favoritos à Palma de Ouro são 120 Batimentos Por Minuto, do francês Robin PompilloHappy End, do austríaco Michael Haneke; e The Square, do sueco Ruben Ostlünd.

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