Filmes

Entrevista

Homem-Aranha: De Volta ao Lar | "Michael Keaton fala com uma ameaça subliminar", diz dublador nacional

Conversamos com Garcia Júnior, que dá voz ao vilão Abutre no novo filme da Marvel

04.07.2017, às 09H54.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H40

Mito da dublagem, celebrizado nos tímpanos nacionais ao longo dos anos 1980, ao gritar “Pelos poderes de Grayskull... eu tenho a força!” como a voz de He-Man, o ator paulista Garcia Júnior assumiu a tarefa de realçar a vilania do Abutre no esperadíssimo Homem-Aranha: De Volta ao Lar, que estreia esta semana. É ele quem vai dublar Michael Keaton, astro americano que já “encarnou” no passado, dublando comédias como Eu, Minha Mulher e Minhas Cópias (1996) e Os Trapaceiros da Loto (1987). Nas últimas três décadas, Garcia dublou ainda estrelas como Arnold Schwarzenegger e Daniel Craig.

Na versão brasileira dos trailers oficiais, a voz que sai da boca de Keaton é a de outro ator, Hélio Ribeiro (dublador oficial de Kevin Costner Robert De Niro), que viajou antes da dublagem do longa-metragem ser gravada. No filme, ficou Garcia Júnior, que, na entrevista a seguir, disseca o método Keaton de atuar.

Omelete: Qual é a responsabilidade de dar voz a um dos filmes mais esperados do ano, com um dos heróis mais amados das HQS?

Garcia Júnior: Não é responsabilidade e sim prazer. O convite do querido Manolo Rey (diretor da dublagem brasileira feita na Delart) foi um presente. Sou fã do Homem-Aranha desde sempre. Tinha a coleção inteira das HQs dele e sempre adorei o fato de Peter ser um cara com problemas comuns como a falta de grana e os conflitos no trabalho e nas relações pessoais. O fato também de ele morar em NY era uma coisa que me aproximava, porque sempre teve uma ligação muito forte com o meu mundo urbano em São Paulo, cidade onde nasci e na qual morei durante minha infância. A única fantasia que pedi pra minha mãe fazer no carnaval foi a de Homem-Aranha, mas até aí nos identificávamos, porque assim como na casa dele, na minha também faltava dinheiro pra esse tipo de extravagância. Eu não queria só usar uma máscara de plástico, queria o traje completo

Omelete: Que especificidades você nota na voz de Michael Keaton e qual o maior desafio de dublá-lo?

Júnior: Não poderiam ter escolhido melhor ator do que o Michael Keaton pra interpretar o Abutre. Keaton é um cara que procura manter suas emoções sob controle, mas carrega uma tensão emocional que está sempre fazendo com ele que esteja à ponto de explodir. É uma fala mansa e melódica que possui uma incrível ameaça subliminar. É como uma caixa de eletricidade cujo metal está sempre liso e frio, mas pode gerar uma energia capaz de fritar vários... omeletes. rsrsrs

Omelete: Os filmes anteriores da franquia servem de referência ao trabalho de dublagem? Como se preparar para este filme?

Júnior: Acredito que sim, até certo ponto. É muito importante olhar pro que foi feito anteriormente pra poder seguir um rumo novo com mais segurança. Nesse aspecto acho que toda a franquia traz um caminho a ser trilhado pra que se alcance cada vez mais maturidade no roteiro e no desenvolvimento das personagens. Por outro lado, cada nova estória deve seguir seu curso independente com a coragem de quem se joga de um edifício apenas confiando na força de sua teia.  

Omelete: Quando foi sua estreia na dublagem e como se construiu sua carreira nessa arte?

Garcia Júnior: Nasci em São Paulo, capital em 1967 (Anno Domini) e foi lá que comecei minha carreira aos 2 anos na extinta e saudosa TV Tupi. Aos 10 anos comecei a dublar na querida BKS. Aos 13 me mudei para o Rio de Janeiro e de lá pra cá muitas personagens passaram por debaixo desta ponte. Ainda no tempo da TV à manivela, eu poderia citar He-Man e McGyver. Mais recentemente, dublei James Bond. Tô bem na fita, hein? 

Homem-Aranha: De Volta ao Lar estreia em 6 de julho.

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