Filmes

Entrevista

Anima Mundi 25 | Mestre uruguaio do stop-motion traz o melhor da animação hispano-americana ao Brasil

Na ativa desde 1979, Walter Tournier anima bonecos em cults como Selkirk

12.07.2017, às 19H48.
Atualizada em 12.07.2017, ÀS 21H02

Entre os convidados estrangeiros da 25ª edição do Anima Mundi, que começa nesta sexta no Rio de Janeiro, com 470 produções em seu cardápio, há um mestre do stop-motion que sintetiza, ao longo de 38 anos de carreira como diretor, parte da história animada da América Latina: o cineasta uruguaio Walter Tournier. No próximo dia 19, no CCBB-RJ, o realizador de sucessos como Selkirk, El Verdadero Robinson Crusoe (2012) ministra uma masterclass sobre o conjunto dos curtas e do longa que rodou de 1979 até hoje, retomando parte dessas questões durante uma palestra no dia 21, também na sede carioca do Centro Cultural Banco do Brasil.

Produzir animação na América Latina sempre foi uma tarefa difícil, apesar do fato de termos feito um dos primeiros longas do setor no mundo, El Apóstol, do argentino Quirino Cristiani, em 1917. No Uruguai, por exemplo, onde a indústria animada ainda tem uma produção escassa, os dois primeiros longas desse setor feitos por nós têm cerca de cinco anos cada um. E desde que saíram, nada mais foi feito no formato”, disse Tournier por e-mail ao Omelete, referindo-se a Selkirk e a Anina, de Alfredo Soderguit. “Hoje, graças às novas tecnologias, a produção ganhou novas saídas para se otimizar, mas segue escassa em volume, sobretudo se comparada com a produção da América do Norte, que nos atropela com seus tanques. Falta um apoio mais sólido dos estados. E é necessário que apostemos mais em nossa própria identidade em vez de repetir as fórmulas americanas. Só assim poderemos transmitir nossos valores culturais”.  

Entre os filmes de maior prestígio da grife Tournier, destacam-se Nuestro Pequeño Paraíso (1983), O Natal Caribenho (2001) e A Pesar de Todo (2003), que terá cenas exibidas nas palestras brasileiras do diretor. “Eu dediquei a vida ao stop-motion e construo as estruturas necessárias para a fabriação de meus bonecos”, diz Tournier. “Gosto da relação plástica com o espaço e de criar realidades em miniatura”.

Em 2017, a maior maratona animada da América Latina se instala no Rio de Janeiro de 14 a 23 de julho e, em São Paulo, de 26 e 30 de julho. Para celebrar seus 25 anos, o Anima Mundi promove uma retrospectiva com o melhor de sua própria história. Nessa revisão entraram cults estrangeiros como o húngaro Log Jam KJFG nº5, de Alexei Alexeev; o inglês Head Over Heels, de Tim Reckart; e o português História Trágica Com Final Feliz, de Regina Pessoa.Entre os brasileiros, integram a lista Até a China, de MarãoGuida, de Rosana Urbes; L.E.R., de João AngeliniPasso, de Alê Abreu; e O Projeto do Meu Pai, de Rosária.

Este ano, o Canadá é o país em foco no festival, que organiza uma retrospectiva com o melhor daquela nação em termos de desenho, stop-motion e afins, como When The Dust Settles, de Louise JohnsonThe Cat Came Back, de Cordell Barker; e When The Day Breaks, de Wendy Tilby. O evento resgata a memória de um dos animadores canadenses que mais contribuíram para o avanço estético do setor: Norman McLaren (1914-1987), de quem serão exibidos filmes como Synchromy, Neighbours e Begone Dull Care.

No Rio, o Anima Mundi vai ocupar o Centro, num circuito que integra Cine OdeonEspaço Cultural BNDES,Centro Cultural Justiça FederalCinemateca do MAMCentro Cultural dos Correios e Centro Cultural do Banco do Brasil; em São Paulo, o festival será realizado na Caixa Belas ArtesCCBBCCSPCinemateca Brasileira e chega também às salas do Circuito Spcine.

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