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Thriller coreano definido como "Os Sopranos da Ásia" é o filme de maior mídia em Cannes

The Merciless expõe o ambiente carcerário da Coreia em uma saga de máfia

24.05.2017, às 21H43.
Atualizada em 25.05.2017, ÀS 01H01

Dona de uma das cinematografias mais rentáveis, respeitáveis e pop do mundo, a Coreia do Sul deve ao Festival de Cannes parte de sua consagração, pois foi na Croisette que cults como Old Boy (2004) e Invasão Zumbi (2016) deram sua arrancada rumo ao sucesso mundial. Por isso, a indústria sul-coreana não teve dúvidas na hora de investir um caminhão de dinheiro para promover seu filme mais pipoca do ano (até o momento): o thriller de máfia The Merciless (Bulhandang), de Byun Sung-hyun, uma promessa de jorros de sangue nas telas da França.

Não há um canto do Palais des Festivals onde não haja um prospecto do filme, descrito por quem já viu como “uma espécie de A Família Soprano da Ásia”. Sua exibição, nesta quinta, já é uma das mais concorridas do festiva, que nesta 70ª edição colocou dois conterrâneos de Byun em competição: Okja, de Bong Joon-Ho, e The Day After, de Hong Sangsoo, aqui muito elogiado pelo desempenho de sua estrela: Kim Min-hee.

Mas a campanha pela consagração popular de The Merciless é a mais agressiva, com direito a uma revista de luxo para promover a produção. Em clima de filme noir, o longa de Byun narra o périplo de um jovem para se tornar o mais valioso integrante de uma organização mafiosa. Para isso, ele precisa se aproximar de um detento que é o mais respeitado de sua cadeia.

Outro exemplar coreano do gênero exibido na Croisette com destaque de crítica foi The Villainess (Ak-Nyeo), de Jung Byung-Gil. O filme aborda as aventuras de uma jovem, treinada desde criança para ser uma assassina de aluguel, que ganha uma chance de usar seus dotes mortíferos para o bem (ou quase) ao ser recrutada como agente especial do governo de seu país.

Nesta quinta serão divulgados os prêmios da Semana da Crítica, que tem o diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho como presidente do júri e conta com o filme brasileiro Gabriel e a Montanha (dono de uma das fotografias mais ousadas de Cannes) como competidor. A direção é de Fellipe Gamarano Barbosa, que visita, num tom quase metafísico, a história dos derradeiros dias de vida do economista Gabriel Buchmann, morto de hipotermia numa trilha no Malauí, na África.

Também nesta quinta, em outra seção paralela, a Quinzena dos Realizadores, a Croisette recebe o que promete ser filme mais exótico: o português A Fábrica de Nada, de Pedro Pinho. São quase três horas de duração, numa mistura de musical, realismo social, perplexidade e humor. Nele, Pinho narra as peripécias de um grupo de operários se encrespa com a administração de sua indústria (de elevadores) ao percebe que alguém da gerência está roubando máquinas e matérias-primas. Incomodados, eles fazem um levante, que tem um ônus: todos serão obrigados a permanecer em seus postos, sem nada para fazer, enquanto prosseguem as negociações para uma demissão coletiva. No ócio, acontecimentos e ritos nada usuais tomam conta do lugar.

Cannes chega ao fim neste domingo e segue tendo como seus favoritos à Palma de Ouro 120 Batimentos Por Minuto, do francês Robin Pompillo, Happy End, do austríaco Michael Haneke, e The Square, do sueco Ruben Ostlünd. A exibição de O Estranho Que Nós Amamos, de Sofia Coppola, nesta quarta, deixando a Croisette embatucada com a gótica história de um soldado confederado (Colin Farrell) numa escola para mulheres, durante a Guerra Civil americana, pode dar à cineasta americana o prêmio de melhor direção.

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