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Rodrigo Santoro aprende a falar russo para o filme Un Traductor, que concorre em Sundance

Ator vive professor de língua eslava em coprodução de Cuba com o Canadá inspirada em fatos reais

06.01.2018, às 12H50.
Atualizada em 08.01.2018, ÀS 06H01

De malas prontas para os Estados Unidos para finalizar as filmagens da segunda temporada de Westworld, Rodrigo Santoro tem um compromisso com o Festival de Sundance no dia 19 de janeiro: a première mundial de Un Traductor, seu novo trabalho como protagonista nos cinemas. Ambientada em Havana, em 1989, o longa é dirigido pelos irmãos Sebastián e Rodrigo Barriuso com base em fatos envolvendo o pai dos cineastas e é parte da seção World Dramatic Competition do festival.

Un Traductor/Divulgação

No fim da década de 1980, o pai deles, um professor cubano de russo, foi convocado pelo governo de seu país para traduzir as relações entre os médicos do local e um grupo de pacientes vindos da União Soviética, vítimas do desastre nuclear de Chernobyl. No longa-metragem, o tal educador, chamado Malin, vai representar esperança para crianças soviéticas em luta contra o câncer.

"Foi uma experiência muito comovente a minha estadia em Cuba para este projeto, que me emocionou já na leitura do roteiro e envolveu atores cubanos, russos e eu, um brasileiro. Ele resgata uma época de muita dificuldade econômica que os cubanos, chamada de Período Especial, no qual as relações com a URSS acabaram junto com o fim daquela nação. Acabou a União Soviética, o Muro de Berlim caiu. E tudo ficou difícil para Cuba", diz Santoro.

"Já tive uma proximidade com a fonética cubana do espanhol no passado, quando atuei em Che, do Steven Soderbergh. Mas aquele filme foi rodado em Porto Rico, com uma equipe multinacional, com muitos americanos. Un Traductor, não: era uma equipe cubana. Foram quase dois meses de estadia em Cuba, num trabalho intenso. E tive que aprender a falar russo, o que foi uma aventura. Estudei com uma professora russa e escrevi um mapa fonético para aprender a entonação".

O ator chegou a conversar por Skype com o pai dos Barriuso, que hoje mora na Itália. Acostumado a lecionar Russo, ele teve que improvisar habilidades como tradutor naquela época para fazer a ponte das crianças soviéticas com os médicos cubanos.

"Temos pouco conhecimento do que a tragédia de Chernobyl representou e do que foi a chegada daquelas crianças com leucemia, com câncer em uma Cuba que, de repente, ficou sem o apoio dos soviéticos. Esta virada na realidade daquele país está no filme e afeta Malin", diz Santoro, que rodou em Havana no início do ano passado. "Sebastián e Rodrigo filmaram em pouco tempo e montaram muito rápido. Estou muito ansioso para ver o filme pronto. E é bonito saber que os diretores exigiram que o filme seja lançado, mesmo nos Estados Unidos, com o título em espanhol: Un Traductor".

Filmar em Havana abriu para Santoro portas para uma nova realidade. "Se eu tivesse que usar uma palavra para deferir a realidade cubana, onde fiz muitos amigos, o termo seria 'contradição'", diz o ator, nascido em Petrópolis, há 42 anos. "O povo cubano passou por muitas lutas, muitas dificuldades. Só agora a internet está chegando por lá e eu testemunhei essa chegada. Queria ter saído às ruas com uma câmera para filmar o primeiro contato de muitas pessoas com a internet".

O Festival de Sundance vai de 18 a 28 de janeiro e tem dois longas brasileiros em concurso: Benzinho, de Gustavo Pizzi, e Ferrugem, de Aly Muritiba.

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