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Renato Aragão, Laurent Cantet e Cacá Diegues falam de cinema e inclusão na Flup

Festa Literária das Periferias começa nesta sexta (10)

09.11.2017, às 20H48.
Atualizada em 09.11.2017, ÀS 21H03

Criada em 2012 com a meta de levar a arte às comunidades cariocas, a Festa Literária das Periferias (Flup) inicia nesta sexta-feira (10) a mais eclética e concorrida programação de toda sua história. Na edição deste ano, traz um time AA de escritores estrangeiros, o ganhador da Palma de Ouro Laurent Cantet e o eterno trapalhão Renato Aragão.

Centrado no Vigidal, na ONG Horizonte, o evento traz em sua abertura um colóquio do diretor Cacá Diegues. O realizador de Deus é Brasileiro (2003) falará sobre as contradições éticas e estéticas do país e relembrará o amigo Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha (1936-1974), dramaturgo homenageado pelo evento que ficou conhecido por peças como Rasga Coração.

Na linha da literatura, a Flup traz estrelas como Sam Bourcier, transgênero, escritor e ativista; Saul Williams, poeta, músico, ator e maior nome do Spoken Word mundial; e Paolo Gerbaudo, sociólogo e jornalista referência mundial nos estudos sobre a relação entre populismo e redes sociais.

Aragão entra em campo só na terça-feira, às 18h30, para relembrar sua experiência como Embaixador do Unicef e seu trabalho em prol das crianças. Premiado com a láurea máxima de Cannes por Entre os Muros da Escola (2008), Cantet fala na Festa no sábado, às 16h, abordando sua experiência com jovens pobres de etnias distintas da França. Ele divide a mesa com Paulo Lins, autor do livro Cidade de Deus (1997), que inspirou o filme homônimo de Fernando Meirelles.

“Cantet encerra uma das experiências mais radicais da FLUP, que é o Laboratório de Narrativas Negras para Audiovisual. O Laboratório tem sido uma plataforma para a produção de narrativas tão inesperadas quanto as que Cantet vem propondo desde Entre os Muros da Escola, talvez um dos filmes mais importantes da década passada em todo o mundo”, explica o escritor Julio Ludemir, idealizador da Festa e um de seus diretores. “Há, nos argumentos que produzimos nos últimos três meses, um universo tão inesperado quanto o que está nos filmes do diretor francês. Um exemplo disso é a distopia Melanie, em que Eric Paiva recoloca a discussão sobre o racismo ao inventar um mundo em que uma crise ambiental obriga as pessoas a ingerirem melanina para sobreviver à ira dos raios solares. Os 35 argumentos narram uma periferia tão diversificada quanto as narrativas que chegaram a nós, indo de distopias como a de Eric Paiva à fabula de Paulo Rastha, na qual uma criança se pergunta o que seria do mundo se não houvesse o negro - e tudo o que ele fez para a humanidade, como o marcapasso, o semáforo e músicas incríveis como o jazz”.

Na terça, às 20h30, a Flup projeta o documentário Slam: Voz de Levante, que rendeu o Grande Prêmio do Júri do Festival do Rio a Tatiana Lohman e Roberta Estrela D’Alva.

“A Flup chega ao Vidigal com uma maturidade que jamais imaginamos ter. Temos autores de grande expressão, como Sam Bourcier, Françoise Vèrges, Paolo Gerbaudo e principalmente Saul Williams. São nomes não apenas importantes, mas que produziram algum nível de revolução em suas respectivas áreas”, explica Ludemir. “A sexta edição da Flup propõe um diálogo com a ideia de revolução, navegando numa encruzilhada de efemérides que por um lado tem os 100 anos da revolução russa e, por outro, os 50 anos de maio de 68. Revolução, nos dias de hoje, não estão restritas a uma vaga ideia de chegada ao poder ou mesmo de liberdades individuais. Há algo que hoje mais se vive do que se reivindica, como está posto tanto em que está no palco como quem está na plateia da Flup. Sam Bourcier nasceu Marie Hélène e hoje é um dos grandes pensadores do que se convencionou chamar de sexualidade queer, levando a revolução não apenas para o corpo, mas para um cenário mental liberto como nunca aconteceu na história da humanidade. Já Paolo Gerbaudo traz um debate sobre redes e ruas iniciado com a vitória eleitoral de Obama, exponencializado com Ocuppy Wall Street e a Primavera Árabe, para depois ser capturado por uma direita ressentida e invasiva, que nos Estados Unidos é representada por Trump e no Brasil invade museus com os militantes do MBL”.

Confira toda a programação do evento aqui.

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