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"Não faço distinção de esquerda e direita, o mundo mudou", diz o diretor Costa-Gavras, homenageado em Cannes

Ganhador da Palma de Ouro relança sua obra em DVDs com cenas inéditas

22.05.2017, às 23H03.

Considerado o inventor de um gênero, o thriller político, com o sucesso mundial de (1969), o diretor franco-grego Costa-Gavras ganhou neste fim de semana, durante o Festival de Cannes, uma homenagem da Rádio Pública Francesa (uma das mais ouvidas no mundo, mesmo fora do país) pelo conjunto de sua premiada obra, que está sendo relançada esta semana na Europa, com cópias inéditas, numa caixa de DVDs. Lá estão marcos de bilheteria e crítica como A Confissão (1970), Estado de Sítio (1972) Sessão Especial de Justiça (1975). Ao mesmo tempo, o cineasta relança nesta terça (23), nas areias da Croisette, em uma tela grande instalada na praia, um dos longas-metragens de maior prestígio de sua trajetória, laureado com a Palma de Ouro e com o Oscar de melhor roteiro: Missing (aqui chamado de Desaparecido – Um Grande Mistério). A sessão comemora os 35 anos do longa-metragem.   

Não gosto quando chamam meus filmes de ‘cinema político’ como se gerar debate sobre formas de Poder fosse uma exclusividade minha: qualquer narrativa sobre o real traz uma postura politizada. A questão é que ainda vivemos esquematizando o mundo de maneira dialética, num certo e errado, na Esquerda e na Direita. Não faço essa distinção: o mundo mudou e não comporta mais essa definição”, diz o cineasta em recente entrevista ao Omelete, sem entrar em detalhes sobre seu novo projeto, ligado à crise política na Europa, cujo roteiro ele prepara desde 2015. “As dialéticas mudaram, caiu a divisão entre Comunismo e Capitalismo que regia o mundo pelo maniqueísmo e o inimigo agora é é a selvageria do capitalismo neoliberal”.

Na tarde desta quarta, Costa-Gavras vem autorgrafar seus DVDs na Fnac de Cannes, cujo festival segue até domingo, quando serão entregues os prêmios decididos pelo júri presidido por Pedro Almodóvar. Os favoritos até agora são: 120 Batimentos Por Minuto, de Robin CampilloHappy End, de Michael Haneke; e The Square, de Ruben Ostlünd. O Brasil concorre numa seção paralela, a Semana da Crítica, com Gabriel e a Montanha, de Fellipe Gamarano Barbosa, que ganhou elogios da imprensa e caiu no boca a boca popular sobretudo pela força imagética do continente africano captado pela fotografia de Pedro Sotero, alvo de boas resenhas em muitas línguas.   

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Confira os destaques desta última semana

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