Filmes

Artigo

Em Pedaços, que deu a Diane Kruger o prêmio de melhor atriz em Cannes, estreia nos EUA de olho no Oscar

“O medo virou uma identidade”, diz Diane Kruger sobre o avanço do terrorismo

27.12.2017, às 21H36.
Atualizada em 28.12.2017, ÀS 13H01

Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, embalado nos elogios que recebeu da imprensa europeia em sua passagem pelo Festival de Cannes, Em Pedaços  (In The Fade), drama alemão sobre a presença do neonazismo em solo germânico, vai estrear nos EUA nesta sexta, de olho em uma vaga no Oscar. Sua presença na pré-lista de concorrentes à estatueta dos longas de língua não inglesa já foi garantida, em parte graças ao carinho que Hollywood tem por sua protagonista, Diane Kruger. Ela foi eleita a Melhor Atriz de Cannes, em maio, na pele de uma viúva que perdeu marido e filho num atentado... e quer o troco. 

Esse filme não foi uma questão de interpretação, mas de vivência, pois o terror dorme e acorda ao nosso lado, na Europa, num nível que me tira o sono”, desabafou Diane em Cannes, em uma coletiva após sua vitória. “O medo virou uma identidade pra gente”.  

Revelada aos americanos há 13 anos, quando estrelou Troia (2004), ao lado de Brad Pitt, a estrela de cults como Bastardos Inglórios (2009) trabalha aqui sob a direção do polêmico cineasta teuto-turco Fatih Akin, ganhador do Urso de Ouro de Berlim em 2004 por Contra a Parede. Ao longo dos 106 elétricos minutos de Em Pedaços, Akin desfia um rosário de preocupações acerca das contraindicações inerentes ao proceso de globalização e todo o seu multiculturalismo. Filho de um pescador e de uma professora, o cineasta flagra o preconceito contra os imigrantes ao sugerir as causas da explosão que mata o marido de sua protagonista, Katja (Diane). Ele vinha da Turquia e cometeu um crime (tráfico) em seu passado. Mas mudou de vida... ao lado dela. A morte dele e do filho do casal espelha a tensão com o povo turco em terras alemãs e sublinha a xenofobia europeia.

Este filme não é sobre o pânico e sim sobre família, e o quanto essa instituição é capaz de extrair o melhor, mas também o mais instintivo de nós. Existe um mundo abalado pelo terror à nossa volta, numa guerra silenciosa, de atentados espalhados por locais que não são zonas de guerra. E as famílias são as maiores vítimas desse alastramento do terrorismo”, diz Akin, que arrebatou a Croisette com a solução de tom humanista que arruma para Katja. “Eu quis falar do que uma mãe é capaz quando ferida em seu amor maior. E uso muito a metáfora da água, não apenas para retratar a fluidez dos acontecimentos e da moral, mas como um signo uterino, da gênese da vida e do amor”.

Em Pedaços tem previsão de estreia para 8 de fevereiro no Brasil. 

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.