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Death Note da Netflix será muito diferente do original; o que isso significa?

Gigante do streaming apresentou cenas do filme durante painel na San Diego Comic-Con

21.07.2017, às 16H56.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H35

Se os trailers da adaptação da Netflix para Death Note apontavam a já aguardada ocidentalização do popular anime/mangá, a cena divulgada na San Diego Comic-Con 2017 revela o quanto a nova versão será diferente do original - assista aqui. O trecho, que mostra o primeiro encontro entre Light e Ryuk, é quase oposto ao japonês.

No anime, Light tem uma relação de descaso com a aparição do deus da morte. Sua revelação não o incomoda e sua presença não influencia diretamente as suas ações. Já na cena da Netflix, Light não apenas entra em pânico como é manipulado por Ryuk, que incentiva o garoto a usar o caderno para se livrar de um “valentão” da escola com requintes macabros. Isso muda completamente a dinâmica entre os dois personagens, já que originalmente Light vê a posse do caderno como a oportunidade de se tornar um Deus.

Quando Ryuk aparece, ele apenas encontra a explicação para o seu misterioso artefato e segue com seu plano. Já o Deus da Morte estava entediado e acompanha com interesse o desenrolar da história, ansioso pelos próximos passos do humano. A nova cena do encontro, porém, chega a ser cômica. Light demonstra fragilidade e insegurança, o que levanta outras questões para o personagem, que assume a figura do clássico nerd norte-americano, desprezado pelos atletas e pronto para se vingar. É uma postura difícil de ser assumida em um país com histórico de massacres em escolas e a Netflix pode enfrentar algumas represálias durante o lançamento do filme nos EUA. Fica a dúvida de como o longa vai lidar com questões morais mais complexas, como o direito do protagonista de julgar sumariamente criminosos e exterminá-los sem questionamentos. É um prato cheio para a problematização.

A questão é que a ocidentalização de Death Note não parece ter amenizado os temas do original, como seria esperado anteriormente, mas pode ter transformado a adaptação em uma grande salada, pronta para ser questionada. No painel na SDCC, o diretor Adam Wingard disse ver o filme como uma mistura de gêneros, indo do humor ao terror. É uma postura que pode complicar a adaptação de um tema sensível, onde o herói é um assassino, ainda mais com as mudanças no personagem. O Light original é quase sempre distante, o que o torna, de fato, menos humano e menos alvo de julgamentos.

Se a Netflix investiu em Death Note em função das vizualizações do anime no seu catálogo de streaming, fica a dúvida sobre as suas intenções nessa adaptação. Há a busca por um novo público e por agradar àqueles que já são fãs, o que leva a uma balança difícil de ser equilibrada. Caso seja bem-sucedida, essa versão pode romper com o histórico negativo das versões ocidentais de animes e mangás (saiba mais), transformando a Netflix em um porto-seguro para esse braço da cultura pop. A reposta, como sempre, virá do público.

Death Note chega ao serviço de streaming em 25 de agosto.

Acompanhe a cobertura completa do Omelete na San Diego International Comic-Con pelo siteFacebookTwitterYouTube e Instagram.

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