Theo está prestes a fazer 7 anos. A Liz tem 3. A diferença de idade entre eles foi boa o suficiente para dar um fôlego aos pais. Afinal, não é fácil aguentar dois bebês chorando, um já é bastante complicado. Mas mesmo assim não é pior do que aturar as brigas que acontecem pelo menos uma vez por dia. Nunca é nada sério, mas depois de um tempo é o suficiente para transformar Bruce Banner em Hulk. Muitas vezes (ou deveria dizer sempre?) não é nada além da provocação, com um imitando o outro ou pegando o brinquedo que o outro estava usando. E tem o agravante dos horários também. Basta um dos dois estar cansado para qualquer olhar torto virar choro em questão de segundos.
Mas se às vezes complica para mim, fico imaginando como é que era para os pais dos Super-Gêmeos. Pensa comigo: o Zan sempre vira coisa de água, certo? Meu Deus, imagina a molhadeira! Se for casa com taco, estraga a madeira. Se for de piso frio é perigoso escorregar e cair. E carpete também tem que secar logo, para não embolorar. E ainda dá para piorar. A tal da Janya vira animais. E se no meio da briga, a Zan se joga com tudo em cima do irmã que estava em formato de cachorro? Tem cheiro pior do que de bicho molhado? Bom, tem, e muitos animais realmente não conseguem se controlar, caso das aves, certo, Janya?
Uma das coisas que os pais fazem para tentar ensinar aos filhos um pouco sobre responsabilidade é dar a eles um animal de estimação. Com o bichinho em casa (me recuso a chamar de “pet”, tá?), a criança tem que se lembrar de dar comida, limpar a gaiola (ou aquário, canil, o que seja), levar para passear, etc. Funciona. E talvez seja por isso que eles têm o Gleek. Afinal, se a bagunça já não é grande o suficiente, por que não adicionar um macaco à equação, né?
Bom, vai ver foi por isso que eles foram tão novos para a Sala de Justiça. Os pais não aguentavam mais os dois brigando em casa e despacharam para o único lugar onde dariam um jeito nos dois: sob as asas do Batman. Porque vamos combinar, né, o Super-Homem você pode até desobedecer, porque sabe que ele não vai fazer nada com você, não vai usar o sopro congelante ou aqueles lasers que saem do olho. Já com o Cavaleiro das Trevas, ninguém mexe. Vira e mexe vejo imagem do Robin apanhando na Internet…
Deixando as brincadeiras todas de lado, claro que bater numa criança não resolve. Mas e aí, como fazer para pararem as brigas? Não me venha com este papinho de que “conversando tudo se resolve”. Eu falo, explico, repito e cinco minutos depois estão lá os dois brigando pela mesma tampinha de bic quebrada como se fosse o Um anel.
Vou compartilhar, então, algumas saídas que funcionam aqui em casa. A primeira coisa a ser feita é separar, claro, antes que eles acabem se machucando de verdade. Ouvi-los e tentar fazer o papel de júri, juiz e executor é trabalho para o Dredd. Na maioria das vezes é difícil saber quem estava certo e quem estava errado no meio da gritaria, pois cada um vai tentar empurrar sua versão dos fatos sem dar espaço para o outro, que certamente será o vilão. Para tentar diminuir o barulho, na maioria das vezes prefiro nem ouvir neste momento. Vou logo mandando cada um para um canto para acalmar a situação. Quando a casa está alguns decibéis mais baixo, aí sim entra o papo. Ouvimos e tentamos mostrar para eles que não adianta brigar, que é muito mais legal quando os dois estão bonzinhos e brincando juntos.
Para tentar garantir períodos de paz um pouco maiores, uma outra coisa que funciona é o suborno. Mas não o simples “se você fizer isso eu te dou aquilo”. Utilizamos os placares que a Supernanny tanto indica e aplica em seu programa. A cada x pontos positivos, eles ganham um prêmio, que pode ou não ser algo combinado (surpresas sempre são legais!), algo que eles queiram muito. E não precisa ser algo físico. Um passeio especial já vai muito bem, como um zoológico, jardim botânico ou parque de diversões.
Aliás, vale dizer que uma das coisas que mais deixa as crianças inquietas e prontas para brigas é ficar muito tempo em casa. Se o clima começou a pesar, pegue seus filhos, sobrinhos, afilhados e vá dar uma volta. Passe na praça, suba numa árvore, dê um pulo na padaria e coma um pão na chapa com manteiga tomando um suco de laranja. Melhor do que separar brigas é achar formas de evitá-las, certo?
