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Cultura Pop no Brasil | Sidney Magal vira astro de uma comédia avessa ao realismo

Suspense motorizado à mineira e tributo carioca a Sylvester Stallone agitam o país nas telas

03.08.2016, às 10H47.

Estrela de Amante Latino (1979), um musical encarado hoje como cult brega, o cantor Sidney Magal namora com o cinema brasileiro há anos, mas, só agora, neste segundo semestre, com a estreia de Magal e os Formigas, esta relação há de se estreitar e, a julgar pelas primeiras imagens, espalhar o bom humor pelas telas, numa promessa de sucesso. Escrito e dirigido por um bamba do roteiro no país, Newton Cannito, o filme põe o intérprete de "Sandra Rosa Madalena" como uma espécie de Grilo Falante de um aposentado amargurado por suas escolhas. Trata-se de um sopro de invenção e de picardia em um cenário de gênero muito ligado ao formato das chanchadas.

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“O maior vício do cinema brasileiro hoje não está nas comedias, está no realismo”, defende Cannito. “É tudo muito realista: as comédias são sociais, o drama é social... é tudo realista pacas. Com isso, tem pouco espaço para a fabulação. Este filme é uma comédia, mas ele se permite não ser viciado em realismo. E é, ao mesmo tempo, uma autobiografia, pois os personagens e as situações que retrato são inspiradas em meus pais e parentes. Até minha mãe está lá no filme”.

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A base do filme vem de uma fábula: A Cigarra e a Formiga, ou seja, o contraponto entre quem vive de arte e quem vive como operário. No enredo de Magal e os Formigas, o aclamado ator paulista Norival Rizzo (da série 9MM São Paulo) vive João, um aposentado que gastou sua juventude trabalhando numa fábrica. Mais velho, às voltas das demandas de sua mulher e da falta de reconhecimento profissional, João alivia a pressão conversando com seu amigo imaginário: o cantor Sidney Magal. O elenco inclui ainda Mel Lisboa Zé Carlos Machado.

“No fundo, é uma história de formigas que aprendem que também pode ser legal viver como cigarra”, diz Cannito. “Eu tentei também fugir da mania biográfica do cinema. Todo mundo pensa que é uma biografia do Sidney Magal. E ele merece mesmo um filme biográfico, claro. Mas fizemos outra proposta: ele entra como arquétipo da cigarra: da pessoa que curte a vida e ensina os operários a curtirem também. A narrativa desta história também vai se abrir para um lado mágico. Eu trabalho com o burlesco sem dó mesmo, sem medo de comédia popular”.

Monstros em Floripa

Um dos expoentes do terror brasileiro, o cineasta catarinense Gurcius Gewdner presta um tributo ao rei dos filmes B, o diretor Roger Corman, em seu novo longa-metragem, uma produção rodada em Florianópolis, chamada Pazucus – A Ilha do Desarrego. O filme é um derivado do curta-metragem Bom Dia, Carlos (2015). Na trama, o tal Carlos (vivido por Marcel Mars) mantém monstros em seu estômago.  

Suspense sobre duas rodas

Elogiado no exterior pela direção do drama Um Homem Bom (2008), no qual filmou com Viggo Mortensen, o cineasta carioca Vicente Amorim agora vai desbravar as veredas do suspense, num thriller motorizado, cujas filmagens começam esta semana na Serra da Canastra, em Minas Gerais. O projeto se chama Motorrad. Na trama, um grupo de motoqueiros entra em território proibido e é seduzido a fazer uma trilha onde a beleza da paisagem vai sendo rapidamente substituída pelo medo e pela morte. Enfrentar o que está caçando o grupo vai ser tão difícil quanto a convivência entre eles, marcada por sedução, violência e transformações.

O elenco do filme conta com Emilio DantasJuliana Lohmann,Pablo SanábioRodrigo VidigalCarla SalleGuilherme Prates e Alex Nader, todos integrados em um enredo inspirado pelos personagens criados pelo quadrinista Danilo Beyruth (de O Bando de Dois). A estreia está prevista para setembro de 2017.

Amor no plural

Símbolo de reflexão racial no cinema brasileiro, consagrado por longas como Filhas do Vento (2004), o diretor Joel Zito Araújo vai levar às telas o romance moçambicano Niketche – A Rainha das Rainhas, de Paulina Chiziane, sobre poligamia. A trama explora a transformação na vida de uma mulher negra ao descobrir que seu marido mantém outras esposas, em segredo.

Filme com Lázaro ramos vira fenômeno na Europa

Recebido com pouco entusiasmo pelo circuito comercial nacional, o drama musical Tudo o Que Aprendemos Juntos, do diretor baiano Sérgio Machado, vive hoje, fora do Brasil, uma experiência rara de sucesso: ele vem se tornando um pequeno fenômeno de crítica e público no exterior, no circuito europeu e asiático. Só na França ele entrou em cartaz em 72 salas de exibição, um número notável para uma produção de sangue latino. Na última sexta-feira, a produção estrelada por Lázaro Ramos (na pele de um violinista às voltas com estudantes da periferia de São Paulo) expandiu seu terreno pela Suíça (onde ele abriu o Festival de Locarno, em 2015), ocupando 15 salas. E a maioria delas lotou. Agora em agosto, no dia 12, o longa-metragem se aboleta na Espanha, onde ganhou um banner tamanho GG nas ruas – aliás um do mesmo porte do de Esquadrão Suicida, filme de maior expectativa do ano no mundo. E, no dia 13, é a vez de ele estrear no Japão. Coreia e Israel também já estão na reta deste drama musical, vendido também para a Alemanha, a Itália, a Turquia, a Grécia e o Canadá, numa trilha de muitos idiomas. Na revista Le Nouvel Observateur, em meio à sua estreia em Paris, o longa recebeu cotação máxima e foi coroado por uma resenha toda apaixonada, escrita por François Forestier: “Bate nesse filme um coração grande”. Na TV francesa, o programa CultureBox o classificou como “uma lição de humanismo”. E os afagos no longa se estendem a outras línguas, no qual ele vem sendo encarado como uma espécie de Cidade de Deus fofo”.

Loucura à italiana

Um dos maiores sucessos do último Festival de Cannes, Loucas de Alegria (La Pazza Gioia), de Paolo Virvì, vai ser o longa-metragem de abertura da 8 e ½ Festa do Cinema Italiano, que acontece entre os dias 25 e 31 de agosto, sempre às 19h e 21h30m, em telas em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. Serão projetados ainda cults como As Consequências do Amor, filme de 2004, dirigido pelo oscarizado Paolo Sorrentino (de A Grande Beleza) e até hoje inédito em circuito comercial no país.

Stallone em revista

Espécie de bunker de resistência cinéfila no coração do Rio de Janeiro, o Cine Joia, em Copacabana, promove de 22 a 28 de setembro uma retrospectiva dos maiores êxitos de Sylvester Stallone, compondo uma série de debates para recontextualizar o valor estético da carreira do eterno Rocky. Pérolas como Stallone Cobra (1986) integram o menu da mostra.

CURTA ESSA

Com Uma Câmera na Mão e Uma Máscara de Gás na Cara, de Ravi Aymara: Ao longo de 27 minutos, esta produção capta diferentes situações relativas às manifestações de 2013 no Brasil, construindo um documento precioso sobre os protestos contra os abusos políticos no país. Tem sessão deste curta no sábado, às 12h, no Canal Brasil. Tem reprise no domingo, às 7h20m da matina. É cedo, mas...

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