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Cultura Pop no Brasil | Gramado discute preconceito contra dublagem

E mais: vídeo exclusivo do novo filme de Ingrid Guimarães

22.08.2016, às 16H48.
Atualizada em 22.08.2016, ÀS 17H00

Versão brasileira de Clint EastwoodMorgan Freeman e Nick Nolte, celebrizado no imaginário infanto-juvenil dos anos 1990 como sendo a voz-título de The Tick e de Batman: A Série Animada, o mineiro Márcio Seixas construiu, só com o gogó, a reputação de ser um dos mais inventivos atores da história do cinema brasileiro, com 42 anos de serviços prestados à dublagem. E é em nome dessa arte que ele vai se posicionar, no próximo dia 28, na mais popular das mostras competitivas do nosso audiovisual, o Festival de Gramado (cuja 44ª edição começa sexta que vem, na Serra Gaúcha), advogando contra o preconceito que existe contra a arte de dublar.

O ator vai participar de um colóquio de Gramado sobre a importância dos dubladores para a sedimentação da arte audiovisual num país que, em suas dimensões continentais, sofre com questões de analfabetismo de cabo a rabo de sua extensão. Mas sua fala vai mostrar que o boom de filmes dublados na TV a cabo não se deve apenas a dificuldade de uma polpuda parcela de nossa população em ler legendas e sim ao carisma que os talentos vocais de sua geração (e de gerações mais contemporâneas) estabeleceram com os tímpanos e os corações de todo o Brasil. 

A discussão sobre o preconceito contra a dublagem é importante pois ele talvez nos leve a uma pista sobre o porque dessa arrogância contra nossa arte existe, uma vez que o público adora filmes dublados”, diz Seixas, que cedeu seu gogó a Leslie Nielsen na franquia Corra que a Polícia vem aí!além de ter dublado três 007s: Sean ConneryRoger Moore Timothy Dalton. “Logo que eu cheguei ao Rio de Janeiro, no início dos anos 1970, já trabalhando em rádio, como locutor, eu li num jornal um comentário maldoso que dizia assim: ‘Esta noite vai passar o filme Camelot, com Richard Harris na televisão. Só lamento ter que ouvir Harris com um sotaque do Méier’. Esse tipo de comentário é desagradável e reflete um certo incômodo relativo aos anos 1940 e 50, quando os filmes brasileiros careciam de sincronia entre as vozes e as bocas dos atores. Só não entendo porque, passados tantos anos, essa campanha contra a dublagem permanece”. 

Num ano em que Gramado concede homenagens à atriz Sonia Braga (estrela de Aquarius, o filme de abertura do evento), ao ator Tony Ramos e ao diretor José Mojica Marins, o eterno Zé do Caixão, a palestra de Seixas acaba ganhando, simbolicamente, um status de tributo ao papel formador da dublagem no Brasil. Além de simbolizar uma chance rara para o público de conferir o rosto, o corpo e a doçura de um astro que encantou multidões, por quatro décadas a fio, sem nunca ser visto. De quebra, ele ainda estrela o primeiro exemplar do programa digital A Cara da Voz, que o cineasta André Pinto (de Uma Professora Muito Maluquinha) prepara para a web.

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Eu comecei a dublar em março de 74, falando uma frase em francês, na versão brasileira de As 24 Horas de Les Mans, num estúdio cheio de veteranos que nem olhavam para mim, aquele mineirinho iniciante. E, de lá para cá foram tantos filmes, tantos desafios, tantos sonhos”, diz Seixas, que dublou Charlton Heston na versão de 1959 de Ben-Hur e em Os Dez Mandamentos, ocupando-se hoje com as chamadas diárias de rádio e TV dos supermercados Prezunic. “Quando as emissoras a cabo começaram a se encher de documentários, eu encarei alguns desafios, sobretudo um general de porta-aviões que falava de um jeito muito específico. Mas uma das maiores dificuldades foi dublar Liam Neeson como Qui-Gon Jinn em Star Wars – Episódio I: A Ameaça FantasmaTinha um mexicano, Javier, emissário de George Lucas, que ficava no estúdio interferindo na dublagem, na frente do nosso diretor. E esse cara me fazia repetir coisas como ‘Anakin, venha cá!’ umas dez vezes. Cheguei a perder a paciência uma hora. Mas aí ele desabafou: ‘Tente me entender... você não sabe o que é trabalhar para George Lucas. Se eu deixar passar um erro...’ E fomos. Fizemos. Como fiz tantos outros papéis. Com dedicação. Com amor pela dublagem”.  

Yoga.doc 

Em vias de filmar a HQ Tungstêniode Marcello Quintanilha, o cineasta Heitor Dhalia acaba de concluir as filmagens de um documentário rodado em língua inglesa: On Yoga: The Architecture of Peace. Trata-se de um mergulho metafísico e visual no universo da Yoga, com imagens captadas na Índia e em Nova York.

Cálice de leite para Fagundes

Com sucessos como Carandiru (2003) em seu currículo, Flávio Tambellini vai produzir a versão para as telas de um dos mais aclamados romances de Chico Buarque:Leite Derramado. A direção será de Lula Buarque de Holanda (O Vendedor de Passados) tendo no elenco duas gerações da família FagundesAntonio e seu filho Bruno.   

De pernas pro ar no mundo dos youtubers 

Esta é uma pílula exclusiva pro Omelete do filme Um Namorado Para Minha Mulher, com a rainha nacional das bilheterias, Ingrid Guimarães: 

No filme, dirigido por Julia Rezende (Meu Passado Me Condena), com estreia marcada para 1° de setembro, Ingrid é Nena, uma jornalista que está sem trabalhar, empurrando a vida sem qualquer emoção. Todo mundo acha graça em seu humor ácido, menos Chico, seu marido (vivido por Caco Ciocler), que já deixou de se divertir com ela há muito tempo. Mas um amigo do casal, Gastão (Paulo Vilhena) sugere que ela comece a trabalhar com internet e é quando surge o primeiro programa da moça para o YouTube: Gastando o Verbo, no qual ela comenta sobre diversos assuntos do cotidiano como redes sociais e dieta, sempre com ironia.

Vai que agora cola com Marcus Majella

Ladrão de cenas no teatro e no cinema com seu jeitão irreverente de representar as situações do dia a dia, o comediante Marcus Majella (de Vai Que Colavai estrear como protagonista nos cinemas: ele será o astro de Um Tio Quase Perfeito, que começa a ser rodado neste sábado de agosto no Rio, sob os auspícios da rainha das comédias: a produtora Mariza Leão (titular das franquias De Pernas Pro Ar  Meu Passado Me Condena). A  direção é de Pedro Antonio Paes. Na trama, Majella é Tony, um trambiqueiro que vive de pequenos bicos (faz estátua viva, finge ser cartomante, ataca de pastor) com o aval da mãe, Cecilia (Ana Lúcia Torre). Quando ele é despejado, a saída é procurar sua irmã, Ângela (vivida por Letícia Isnard). Mas ele será obrigado por ela a tomar conta de seus três sobrinhos, encarando situações dignas das que Robin Williams viveu em Uma Babá Quase Perfeira (1993).  

Da cor da inclusão

Exibido com elogios no Festival de Berlim de 2010, Bróder fez do diretor paulista Jeferson De uma referência mundial na discussão das causas raciais na América Latina, representando a condição do negro brasileiro para além de arquétipos. Agora, De faz uma aposta no humor em seu terceiro longa-metragem, a comédia Correndo Atrás, que começa a ser rodada neste domingo.  Com produção de Clélia Bessa, da Raccord Filmes, o projeto será estrelado por Ailton Graça (o Majestade de Carandiru), que faz seu primeiro protagonista do cinema. No filme, Graça é Ventania, um malandro que quer mudar de vida e tenta de tudo para melhorar sua situação. Escrito por De e pelo eterno casseta Helio de La Peña, que também participa como ator, o filme traz em seu elenco Lázaro RamosJuliana Alves Tonico Pereira. A estreia está prevista para 2017. 

Há algo de autoral no reino da 

A partir da semana que vem, São Paulo vira um reduto audiovisual da Escandinávia no Brasil, com uma mostra de 12 longas-metragens inéditos feitos na região e seus arredores, em frentes na Suécia, Dinamarca, Islândia, Finlândia , Noruega e até a Groenlândia. O evento foi batizado de Festival Ponte Nórdica e acontece de 25 de agosto a 7 de setembro na Caixa Belas Artes e também na Caixa Cultural SP, tendo entre suas atrações imperdíveis a comédia dramática A Comunidade, de Thomas Vinterberg, que ganhou o prêmio de melhor atriz (dado a Trine Dyrholm) no Festival de Berlim, em fevereiro. 

CURTA ESSA: Estilhaços: Responsável por uma revolução no cinema de animação de Portugal com filmes como A Suspeita (2000) e Passeio de Domingo (2009), José Miguel Ribeiro volta às telas brasileiras no Anima Mundi (25 a 30 de outubro no RJ; 2 a 6 de novembro em SP) com um ensaio sobre o poder destrutivo das guerras. 

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