Acostumado a ultrapassar a fronteira do milhão na venda de ingressos com todos os filmes que lançou de Muita Calma Nessa Hora(2010) para cá, o diretor Felipe Joffily prepara sua volta às telas para o segundo semestre com um mergulho em paranoias familiares, sob a inspiração de um fenômeno de bilheteria da Rússia. Agendado para estrear em setembro, com Isabelle Drummond e Rafael Infante à frente do elenco, A Família Perfeita é uma releitura (bem livre) do longa russo Moya Bezumnaya Semya, de 2012, que lotou cinemas durante meses em território eslavo.
Infante interpreta um sujeito bem-sucedido que não consegue namorar porque seus pais (Zezé Polessa e Otávio Augusto) assustam as paqueras do filho com seus modos "peculiares". Quando sua atual paixão (Drummond) o pressiona para que a apresente a seus parentes, ele resolve contratar atores (vividos por Antonio Calloni e Bianca Byington) para fingirem ser seus pais.
"Eu usei muito pouco do filme russo, tratando o material como um roteiro original, em um contexto social brasileiro, com múltiplos personagens, explorando representações diferentes do ego. É uma história sobre quem realmente somos e onde estão nossas origens. É reflexão sobre onde alguém deixa de ser ele mesmo para virar uma simulação do que não é, com um personagem em busca de construir uma família ideal", diz Joffily.
Atualmente envolvido com a direção do humorístico Tá No Ar, da Rede Globo, Joffily planeja ainda uma sequência de seu filme mais autoral: Ódiquê (2004), no qual Cauã Reymond e Dudu Azevedo viviam pitboys de classe média. "Há um novo contexto social que a gente precisa levar em conta e estamos esperando a hora certa para afinarmos as agendas", diz o diretor de 42 anos. De olho na realidade esportiva do país, Joffily rodou ainda o documentário Gigante Por Natureza, sobre o surfista Carlos Burle: "É um filme com uma reflexão sobre o traço desafiador do dia a dia dos brasileiros, que, como Burle, encaram as ondas á nossa frente. É um meio também de humanizar um herói do esporte. Tenho ainda um projeto de ficção mais autoral sobre um garoto que diz para os pais que vai para Saquarema e acaba indo parar no Havaí".
Raptos na tela
Diretor de projeção internacional desde que lançou Um Homem Bom (2008), com Viggo Mortensen, o carioca Vicente Amorim vai pilotar um suspense sobre a Divisão Antissequestro da Polícia do Rio de Janeiro. Com filmagens previstas para o início de 2017, o projeto é produzido pela Afroreggae Audiovisual e vai se desdobrar em uma série de duas temporadas para o canal Multishow.
Marina solo
Codiretora de cults como A Alegria (2010) e A Fuga da Mulher-Gorila (2009), com Felipe Bragança, a diretora e montadora carioca Marina Meliande prepara seu primeiro longa solo como realizadora: Mormaço, em filmagem até 13 de abril no Rio de Janeiro. Com a atriz Marina Provenzzano como protagonista, o projeto foi desenvolvido com o suporte da Résidence da Cinefondation, promovida pelo Festival de Cannes, e do Hubert Bals Fund, do Festival de Roterdã. Na produção, a advogada Ana (Marina) lida com a especulação imobiliária em uma comunidade pobre ao mesmo tempo em que começa um novo amor. Mas a paixão e o trabalho hão de concorrer com um elemento inesperado: uma doença misteriosa.
Os Irmãos Carvalho de volta
Vitrine do documentário no Brasil, o festival É Tudo Verdade - cuja edição de 2016 começa no dia 7 de abril, em São Paulo, com a projeção do longa-metragem ganhador do Festival de Berlim Fogo no Mar - ainda não divulgou sua programação, mas já se especula por lá uma estreia nacional (de peso) em família. Um dos maiores diretores de fotografia da América Latina, o cineasta Walter Carvalho e seu irmão mais velho, Vladimir Carvalho, vão apresentar filmes inéditos no evento. Walter tem um longa inédito sobre o poeta Armando Freitas Filho e Vladimir, um filme a respeito do artista plástico Cícero Dias. O ETV divulga sua seleta no dia 24.
Previsões para Cannes
Ainda não foram divulgados os concorrentes à Palma de Ouro de 2016, mas já há um bolsão de apostas envolvendo o Brasil para o Festival de Cannes, que vai de 11 a 22 de maio, tendo George Miller, o realizador do oscarizado de Mad Max: Estrada da Fúria, como presidente do júri. Os longas brasileiros mais cotados são Animal Cordial, de Gabriela Amaral Almeida; Vazante, de Daniela Thomas; Era El Cielo, de Marco Dutra; e O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues. Outros dois longas que podem entrar em algumas das seleções do evento são Redemoinho, de José Luiz Villamarim, e O Filme da Minha Vida, de Selton Mello, que traz o francês Vincent Cassel no elenco.
Celebração da diversidade
De sexta a domingo, o Espaço Sesc em Copacabana, no Rio de Janeiro, recebe o espetáculo multimídia Baseado em Fatos Reais, no qual o músico e filósofo Fepa mistura teorias de pensadores como Giorgio Agamben e Jorge Larrosa para discutir morte e revolução. A peça é uma miscelânea de linguagens em prol da liberdade.
CURTA ESSA
O Último Engolervilha 2: Referência de escatologia e irreverência, a franquia em curta metragem Engolervilha virou um espaço de experimentação narrativa para animadores de todo o país testarem técnicas de desenho variadas, em uma coletânea de exercícios organizada pelo cineasta Marão, de Nilópolis. O novo capítulo da série reúne 14 diretores, vindos de Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Brasília, Paraná e até um convidado estrangeiro da Armênia.
