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HQ européia: <i>Papyrus</i>

HQ européia: <i>Papyrus</i>

11.05.2004, às 00H00.
Atualizada em 14.12.2016, ÀS 21H08

Passaram-se dois mil anos desde a lendária vitória de Hórus, o Deus falcão, sobre Seth, o deus da destruição. Refugiado na Pirâmide Negra de Ombos, Seth preparou a sua vingança. Astuciosamente, fechou Hórus num sarcófago mágico. É chegada a hora do deus Seth. Senhor de Ombus, lançar suas forças maléficas conta o faraó e o duplo reino do Egito.

Com essas palavras, Lucien De Gieter nos introduz a uma viagem mágica Antigo Egito, morada eterna dos grandes faraós. O deslumbramento despertado pelas numerosas fotografias feitas por Jean-Pol Schrauwen da arquitetura de linhas perfeitas, que caracterizou esta fabulosa civilização, foi o que bastou para que este belga, nascido em 4 de setembro de 1932, em Etterbeek (Bruxelas) criasse uma dos mais exóticas e misteriosas personagens das Histórias em Quadrinhos franco-belgas: Papyrus.

Papyrus é um felá (espécie de servo egípcio), que vivia basicamente da pesca nas águas do Rio Nilo, no século XIII a.C. - período posterior ao longo regime de Ramsés II. Ele não sabe muita coisa sobre sua origem. É órfão. Foi encontrado em meio a uma plantação de papiro, de onde vem seu nome. Ele foi escolhido por Maat, a deusa da justiça, para proteger o Egito das forças do mal do Deus Seth - mais precisamente proteger a princesa Théti, filha do faraó.

Para executar essa tarefa, recebeu uma espada mágica de poderes incríveis. Além desta fabulosa arma, ainda conta com uma boa dose de coragem, astúcia e um inigualável sendo de humor. Uma disputa entre deuses poderosos, um grande reino em perigo e um jovem com um passado misterioso são os ingredientes que Lucien De Gieter utilizou para criar uma incrível trama, que gira em torno da antiga luta entre o bem e o mal.

Embalado durante sua infância pelos contos das mil e uma noites, De Gieter deu a Papyrus uma dimensão fantástica, maravilhosa e humana. Ele descreve e representa em sua obra o mundo egípcio, com seu faraó, seus sacerdotes, seus nobres, assim como suas magníficas paisagens e o povo simples e trabalhador da cidade de Tebas.

O universo de Papyrus concentra-se em torno de alguns personagens-chaves:

Théti: Filha do Faraó e grã-sacerdotisa da deusa Isis. É considerada como uma deusa viva. Única herdeira do faraó, guarda um grande mistério. Ela e Papyrus desenvolveram uma relação muito afetuosa, e este considera-a sua melhor amiga. Suas qualidades são a bondade, a generosidade, a justiça e a coragem.

Merenrê: faraó, deus vivo e pai de Théti. Ele tem o título de Hórus vivo e é a encarnação do Egito. Portador da lei divina da deusa Maat - a lei da verdade, justiça, ordem e equilíbrio.

Raouser: Ele é o grão-sacerdote de Hórus. É como um segundo pai para a jovem princesa e um conselheiro privilegiado de Papyrus. Sofreu de um longo e injusto banimento, mas conseguiu retornar e dedica fidelidade absoluta ao faraó.

Imhoutep: Filho de escribas que ficou órfão. Perdeu o uso de uma de suas pernas, o que não lhe impede de se defender e ser um fiel companheiro de Papyrus. Em razão de seus serviços ao Faraó, tem sua proteção e foi nomeado grande arquiteto real.

Aker: Um verdadeiro gênio do mal. O grande sacerdote de Seth é o tipo da personagem que se detesta já de imediato. Tem sede de poder, é megalomaníaco, ardiloso, astucioso e cruel. É também um grande mago, dotado de uma inigualável inteligência e não tem nenhum senso de humor.

Aos treze anos, De Gieter criou a sua primeira HQ. As editoras para as quais a enviou, julgaram seu trabalho monstruoso. Não convencido, escreveu uma carta aos estúdios Walt Disney para oferecer seus serviços. O escritório do estúdio lhe respondeu gentilmente que seus quadros estavam completos. Em 1961, o semanal Spirou lançou um concurso e De Gieter enviou cerca de uma dezena de roteiros. Alguns foram aceitos e desenhados por Ryssack e Matagne.

Seguindo os conselhos de Maurice Rosy, então diretor artístico das Éditions Dupuis, De Gieter resolveu também desenhar. De 1962 a 1964, aprendeu pouco a pouco a decantar seus desenhos e fez uma série de mini-roteiros com a personagem de Pony. Em 1974, as premiadas pranchas de Papyrus ganharam o dia no Spirou.

Esta saga egípcia transformou-se em um clássico, um sucesso permanente. A minuciosa documentação da série serve também como referencia histórica para muitos professores e desperta a vocação de egiptólogo nos jovens leitores.

Mitologia, costumes e uma parte da cultura egípcia são retratados nas páginas de Payrus, que se encontra atualmente em seu 26o álbum, A máscara de Hórus. A coleção é disponível em francês, mas podem ser encontradas algumas partes da saga em português, pela Meribérica. Mais informações podem ser obtidas no site oficial da série www.papyrusland.com.

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